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ANÁLISE
Na cobertura, até Xuxa falou sobre Isabella
NELSON DE SÁ
COLUNISTA DA FOLHA
A televisão deu a largada uma
semana antes, dias 15 e 16, com
longas entrevistas do promotor
e do advogado de defesa ao telejornal local da Globo, adiantando as "estratégias".
Na segunda-feira, 22, sete helicópteros de cobertura seguiram o casal, da prisão ao fórum,
abrindo o espetáculo.
Mas a histeria só foi se espalhar a partir de terça, segundo
dia do julgamento, quando os
telejornais nacionais destacaram que uma delegada afirmou
ter "100% de certeza da culpa"
e o advogado "tentou desqualificar as provas técnicas".
Foi o dia em que o promotor
exibiu uma maquete e "fotos
da menina" e que o advogado
"isolou a mãe da menina", argumentando que o "casal é vítima", na escalada das manchetes de televisão.
Foi quando se estabeleceu "o
duelo", o conflito de mocinho e
bandido entre promotor e advogado, no roteiro da cobertura.
Na audiência seguinte, ao
chegar ao fórum, o advogado foi
agredido. Mais um dia e um
pastor e um jovem que defendiam o casal também foram
agredidos pelas pessoas levadas
à porta do fórum.
Na cobertura sem fim, o programa "TV Fama", da Rede TV,
ouviu Xuxa citar "a Isabella" como argumento na campanha
"não bata, eduque".
Chegou a noite de sexta-feira
para sábado e, na espera ansiosa
da sentença por rádios, canais
de notícias e as próprias redes, a
falta do que apresentar levou
jornalista a entrevistar jornalista, com a aposta de condenação
iminente do casal.
Até que entrou afinal o plantão do "Jornal da Globo",
com a extensa e anticlimática
leitura da sentença pelo juiz,
aliás citando a "mídia farta"
que acompanhou o julgamento,
o "número tamanho de profissionais de imprensa que para
cá acorreram".
Por outras emissoras, assistiu-se então à inusitada queima
de fogos de artifício, em festa
popular pela condenação mostrada num telão instalado diante do fórum.
Embalada pelo "Tema da Vitória", que a Globo encomendou ao Roupa Nova quase três
décadas atrás, para as transmissões de Fórmula 1, a multidão
cercou e chutou o carro que
levou o casal de volta à cadeia,
seguido por motos com câmeras. Eram crianças e adolescentes, na maioria.
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