São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 2008

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Perícia prioriza tempo em simulação

Peritos percorreram em cerca de 6m50s o trajeto entre a garagem, o apartamento e a volta para a garagem

Instituto de Criminalística tenta saber se nesse tempo um criminoso seria capaz de agredir Isabella e atirá-la pela janela do apartamento

DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos principais objetivos da polícia na simulação do assassinato de Isabella ontem foi cronometrar o tempo de duas ações descritas no inquérito. A primeira refere-se ao tempo para tentar asfixiar a menina e jogá-la do prédio. A segunda, para se percorrer o trajeto entre a garagem no segundo subsolo e o sexto andar do prédio.
A Folha apurou que os peritos percorreram em cerca de seis minutos e 50 segundos o trajeto entre a saída da garagem à entrada do apartamento -com um policial levando a boneca no colo representando Isabella e a colocando na cama- e depois a volta para a garagem do prédio.
Depois, os peritos levaram pouco mais de cinco minutos para simular o estagiário de direito Alexandre Nardoni, 29, subindo novamente ao apartamento com a família.
Em seu primeiro depoimento, Nardoni disse que havia levado 19 minutos para percorrer todo o trajeto. A versão dele, porém, não foi simulada.
A polícia também mediu o tempo que alguém levaria para tentar esganar Isabella ao lado do sofá da sala do apartamento, cortar a rede de proteção da janela e depois atirar a menina inconsciente pelo buraco. O resultado dessa medição não foi divulgado pelos peritos.
Um laudo final da simulação responderá duas perguntas: o tempo que Nardoni disse ter deixado Isabella sozinha no apartamento seria suficiente para a ação de um criminoso?
E ainda: o casal seria capaz de tentar asfixiar e jogar Isabella pela janela em um período de cerca de 11 minutos (são 13 minutos entre desligar a ignição do carro e o pedido de resgate feito por um vizinho, que diz ter demorado cerca de 2 minutos entre ter visto a queda e dado o telefonema)?
Com base nos laudos do IC (Instituto de Criminalística), o policial que representou Nardoni não encarou a boneca quando a sustentava pelos braços, prestes a soltá-la do sexto andar. Peritos dizem que isso foi descoberto durante a análise das marcas da rede de proteção encontradas em uma camiseta de Nardoni.
A camiseta analisada tinha uma mancha mais intensa no ombro direito. Os peritos interpretaram que isso significa que Nardoni teria desviado o rosto para não ver a queda da menina. Ontem, ao simular a queda, um policial passou a boneca pelo buraco da tela e segundos antes de soltar seus braços voltou o rosto para a direita.


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