São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 2008

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Colégios terceirizam aulas de reforço e correção de redação

Escola diz que correção de redações do terceiro ano do ensino médio passou de uma por mês para uma por semana

Com "cursinho delivery", alunos fazem reforço sem sair da escola e aprendem estratégias para serem aprovados no vestibular

FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

Para que seus alunos possam ganhar pontos preciosos nos vestibulares, colégios particulares de São Paulo têm contratado equipes externas para oferecer serviços diretamente ligados ao ensino. Alguns exemplos dessa terceirização são correção de redações, reforço escolar e aulas de idiomas.
Com as parcerias, as escolas buscam apresentar um serviço mais especializado e, em alguns casos, facilitar a gestão escolar -pois parte dos professores não precisa ser contratada diretamente pela instituição.
Pesquisadores em educação dizem que as iniciativas podem ter resultados positivos, mas as equipes externas devem estar totalmente integradas aos projetos pedagógicos dos colégios. Caso contrário, podem mais atrapalhar do que ajudar.
No colégio Santo Américo (zona oeste de SP), as redações do terceiro ano do ensino médio (antigo colegial) passaram no ano passado a serem corrigidas por uma equipe de seis professores de fora do colégio, todos com passagem em bancas de correção de exames como o da Fuvest (prova de seleção da USP) -prática antes comum apenas aos cursinhos.
Outro ponto positivo apontado pelo colégio é que aumentou o número de redações analisado: antes, os alunos tinham em média um texto revisado por mês; agora, é ao menos um por semana. "As escolas, sozinhas, não conseguem corrigir todas as redações", diz Eunice Lobo, diretora pedagógica da escola.
Neste ano, a escola ampliou o serviço para o restante do ensino médio e os dois últimos anos do fundamental, o que representa um contingente de 600 estudantes. O custo do serviço está incluso na mensalidade (R$ 2.206 no ensino médio).
Outra prática que as escolas têm adotado é a contratação de uma equipe terceirizada para oferecer o reforço escolar aos estudantes do ensino médio (numa espécie de cursinho oferecido no próprio colégio).
Um dos pioneiros foi o Miguel de Cervantes (zona oeste de SP). "A aula do reforço é para que eles sejam aprovados no vestibular. Ensina-se não só o conteúdo mas também as estratégias para as provas", afirma a coordenadora do ensino médio, Kátia Puppo. A atividade é opcional e está inclusa na mensalidade (R$ 1.906).
Puppo afirma que o reforço não é oferecido pela própria escola porque haveria dificuldade em contratar docentes -os da instituição já têm carga horária quase completa.
"Também há a vantagem que os alunos não precisam se deslocar, sair da escola para ir para um cursinho", disse Evaldo Colombini Miranda, coordenador do grupo de 18 professores, todos de pré-vestibulares.
No ano passado, o colégio Jardim São Paulo (zona norte de SP) adotou a iniciativa. "Terceirizamos a revisão para o terceiro ano do ensino médio porque era difícil encontrar professores para só fazer isso", disse o diretor da escola, Alfredo de Andrada Dodsworth.

Inglês
Uma prática mais antiga nas escolas particulares, mas que tem ganhado novos adeptos, é a contratação de uma escola de idiomas para oferecer as aulas de inglês do currículo regular.
Uma das escolas que adotam o modelo é o Augusto Laranja (zona sul de SP). A partir da oitava série do ensino fundamental, a disciplina é oferecida pela Seven Idiomas. No terceiro ano do ensino médio, a parte de conversação fica em segundo plano, pois as aulas focam a preparação para o vestibular.
Segundo a diretora Rosa Costa, a principal vantagem é que a empresa terceirizada consegue agrupar os estudantes em grupos mais homogêneos, o que melhora o rendimento. Ao todo, são 15 níveis.
"A nossa idéia é que o estudante nem precise fazer um curso de inglês fora da escola", diz Adriana Albertal, da Seven, que possui parceria com dez colégios particulares da cidade.


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