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VIOLÊNCIA
Facção paulista teria assumido o tráfico na região do Barbante (zona oeste) com autorização do Comando Vermelho
Para polícia, PCC controla uma favela no Rio
DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL
A facção criminosa paulista PCC (Primeiro Comando da Capital) assumiu o controle do tráfico na favela do Barbante, em Campo Grande (zona oeste do
Rio), de acordo com a Drae (Divisão de Repressão a Armas e Explosivos) da Polícia Civil.
A conclusão dos policiais é mais uma evidência de que criminosos
paulistas estão atuando no Rio.
Na semana passada, uma quadrilha de São Paulo sequestrou a
atriz Vanessa Bueno, 23, a Lili do programa "A Turma do Didi", da
Rede Globo, e um casal.
"Criminosos paulistas já conquistaram esse espaço. Estamos
investigando quem seria o líder deles na região", disse o diretor da
Drae, delegado Cláudio Vieira.
A presença de criminosos paulistas na região foi confirmada por
dois traficantes presos pela Drae
na semana passada no conjunto
habitacional Vilar Carioca, vizinho à favela do Barbante, antes
dominada pela facção criminosa
CV (Comando Vermelho).
Segundo Vieira, um dos presos
disse que, além de negociar armas
e drogas com traficantes cariocas,
os paulistas estão sendo "abrigados" em favelas controladas pelo
CV, de quem recebem autorização para atuar no Rio não só no
tráfico, mas também em sequestros e em assaltos a banco.
A aliança entre o PCC e o CV fez
com que a Polícia Civil do Rio iniciasse um intercâmbio de informações com a de São Paulo.
Representantes das corporações estiveram reunidos na semana passada, quando a polícia do
Rio tomou conhecimento da existência de uma fita -gravada pela
polícia paulista- em que o preso
Reginaldo de Almeida, o Neguinho, do PCC, negociava com traficantes do CV o envio de fuzis para o Rio em troca de cocaína.
A polícia e o Ministério Público
de São Paulo estão preparando
um dossiê sobre ações do PCC fora de São Paulo, a partir das 460
horas de grampo telefônico que
orientaram a ofensiva da semana
passada contra a facção.
Segundo o promotor Márcio
Sérgio Christino, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), as
ligações interceptadas mostraram
conversas entre presos de São
Paulo com outros detentos em
Mato Grosso, Bahia, Rio de Janeiro e Paraná. Em uma ligação, um
detento da Bahia mandou assassinar, por telefone, um inimigo em
uma delegacia de São Paulo.
"É como se funcionários de diferentes setores de uma empresa
conversassem por telefone, mas
sobre drogas e armas", disse o
promotor, que desde a última
quinta-feira está ouvindo, com a
polícia, as principais lideranças
do PCC e "aliados" deles.
Mônica Fiori Hernandes, um
dos três advogados indiciados por
formação de quadrilha por suposto envolvimento com ações do
PCC em São Paulo, foi liberada
ontem. Ela e os advogados Anselmo Neves Maia e Leyla Alambert
foram presos na quinta-feira. Os
três negam envolvimento.
"Mônica teve participação menos importante nas ações", afirmou Christino. A polícia gravou
um telefonema entre Mônica e
Sergio Luis Fidélis, membro do
terceiro escalão do PCC, no qual
ela que teria passado informações
para o facção criminosa.
"Eu apenas cumpri o exercício
da minha profissão", disse Mônica na noite de ontem, depois de
ter sido liberada. A polícia, no entanto, deve pedir a prisão preventiva de Maia -suspeito de tentativa de homicídio- e de Leyla, indiciada por sequestro.
Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado pela polícia como principal líder do PCC,
até agora não foi indiciado pelas
acusações de formação de quadrilha e pelos atentados contra prédios públicos em São Paulo. A Folha apurou que não há provas
contra ele nem registro nas conversas interceptadas pela polícia.
Em depoimento na última sexta-feira, Marcola negou participação no PCC. Os outros líderes ouvidos pela polícia não citaram o
nome dele nos interrogatórios.
(MARIO HUGO MONKEN, ALESSANDRO SILVA E GILMAR PENTEADO)
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