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Pais contratam curso de férias para filhos
Prática se torna comum em São Paulo, onde, muitas vezes, o trabalho em tempo integral impede de conciliar períodos de folga
Nessas aulas, as crianças podem passar o tempo praticando esportes, teatro, música, gastronomia, jardinagem e até ioga
JAMES CIMINO
DA REPORTAGEM LOCAL
As três filhas da farmacêutica
Marta Bassitt, 35, vão passar
todo o mês de férias fora de casa. E a mais velha delas tem
apenas 5 anos. Marta trabalha
em período integral e raramente consegue conciliar as suas férias com as das meninas. Para
não deixar as crianças em casa,
ela contratou um tipo de serviço cada vez mais comum em
São Paulo: os cursos de férias.
Nesses cursos, as crianças
podem ficar de meio período a
período integral praticando esportes, teatro, gastronomia,
música, jardinagem e até ioga.
A farmacêutica encontrou o
curso em um lugar inusitado:
uma loja de brinquedos educativos, no bairro da Aclimação
(zona sul de SP), onde mora.
Embora o serviço possa chegar a R$ 950 o mês, por criança,
incluindo as refeições, a mãe
acha que é um dinheiro bem
gasto. "Aqui elas têm estímulo,
brincam com outras crianças.
Já tive babá e, nas férias, as atividades eram praticamente nulas. Resumia-se basicamente a
assistir TV. Um dia cheguei em
casa e a minha filha estava assistindo a um DVD de forró. O
pior não era a música, mas a coreografia que ela estava imitando", diz aos risos.
Administrada pela pedagoga
Luciana Martins, a loja tem um
espaço recreativo que comporta até 30 crianças de 3 a 12 anos.
"Aqui a gente busca trazer
aquele espírito de brincadeira
de rua. Por isso explicamos para os pais que se sujar é natural,
que cair é natural. Faltam lugares para os pequenos em São
Paulo. Muitos deles chegam
aqui e não têm agilidade para
correr, subir numa árvore, porque ficam muito em casa. É como se fosse uma criança aprendendo a andar", diz a pedagoga,
que supervisiona as atividades
e que conta com uma nutricionista para administrar o cardápio servido no local.
Férias no condomínio
Uma alternativa para os pais
que trabalham, mas que não
querem que os filhos fiquem
longe de casa nas férias, é o projeto "Colônia de Férias" oferecido pela Casa Movimento.
Para evitar problemas de locomoção, eles podem contratar
uma equipe de educadores que
vão até o condomínio e realizam as atividades recreativas
onde as crianças vivem.
Com preços que variam de
R$ 175 a semana de meio período a R$ 1.000 o mês de período
integral, a Casa Movimento é
coordenada pela psicoterapeuta infantil Blenda Marcelletti
de Oliveira.
Ela conta que seu programa
inclui atividades físicas diárias,
ministradas por professores de
educação física, além de artes e
culinária em dias alternados.
"As crianças chegam a fazer a
própria comida, e tudo é feito
de maneira educativa. Explicamos o que é carboidrato, o que é
proteína, mas sem aquela atmosfera de aula que eles têm na
escola, afinal, estão de férias."
A professora de psicologia da
educação da USP Silvia Gasparian Colello diz ser muito favorável a esse tipo de atividade
durante as férias.
"Há uma imagem idealizada
de que as férias são um momento em que a família toda
tem de estar reunida, fora dos
grandes centros e em ócio não
produtivo. As férias também
podem ser um período de
aprendizado lúdico, e os pais
não devem se sentir culpados
por não estarem com os filhos o
tempo todo", diz a professora.
Férias na escola
Alguns colégios também oferecem atividades recreativas
durante as férias, mas os cursos
são oferecidos apenas a alunos
da instituição e convidados.
E qual a solução para os pais
que continuam a trabalhar na
férias? A coordenadora do ensino fundamental do colégio, Rosa Filomena Ignarro, explica:
"Acaba sobrando para os avós e
para as babás."
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