São Paulo, domingo, 28 de junho de 2009

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Pais contratam curso de férias para filhos

Prática se torna comum em São Paulo, onde, muitas vezes, o trabalho em tempo integral impede de conciliar períodos de folga

Nessas aulas, as crianças podem passar o tempo praticando esportes, teatro, música, gastronomia, jardinagem e até ioga

JAMES CIMINO
DA REPORTAGEM LOCAL

As três filhas da farmacêutica Marta Bassitt, 35, vão passar todo o mês de férias fora de casa. E a mais velha delas tem apenas 5 anos. Marta trabalha em período integral e raramente consegue conciliar as suas férias com as das meninas. Para não deixar as crianças em casa, ela contratou um tipo de serviço cada vez mais comum em São Paulo: os cursos de férias.
Nesses cursos, as crianças podem ficar de meio período a período integral praticando esportes, teatro, gastronomia, música, jardinagem e até ioga.
A farmacêutica encontrou o curso em um lugar inusitado: uma loja de brinquedos educativos, no bairro da Aclimação (zona sul de SP), onde mora.
Embora o serviço possa chegar a R$ 950 o mês, por criança, incluindo as refeições, a mãe acha que é um dinheiro bem gasto. "Aqui elas têm estímulo, brincam com outras crianças. Já tive babá e, nas férias, as atividades eram praticamente nulas. Resumia-se basicamente a assistir TV. Um dia cheguei em casa e a minha filha estava assistindo a um DVD de forró. O pior não era a música, mas a coreografia que ela estava imitando", diz aos risos.
Administrada pela pedagoga Luciana Martins, a loja tem um espaço recreativo que comporta até 30 crianças de 3 a 12 anos. "Aqui a gente busca trazer aquele espírito de brincadeira de rua. Por isso explicamos para os pais que se sujar é natural, que cair é natural. Faltam lugares para os pequenos em São Paulo. Muitos deles chegam aqui e não têm agilidade para correr, subir numa árvore, porque ficam muito em casa. É como se fosse uma criança aprendendo a andar", diz a pedagoga, que supervisiona as atividades e que conta com uma nutricionista para administrar o cardápio servido no local.

Férias no condomínio
Uma alternativa para os pais que trabalham, mas que não querem que os filhos fiquem longe de casa nas férias, é o projeto "Colônia de Férias" oferecido pela Casa Movimento.
Para evitar problemas de locomoção, eles podem contratar uma equipe de educadores que vão até o condomínio e realizam as atividades recreativas onde as crianças vivem.
Com preços que variam de R$ 175 a semana de meio período a R$ 1.000 o mês de período integral, a Casa Movimento é coordenada pela psicoterapeuta infantil Blenda Marcelletti de Oliveira.
Ela conta que seu programa inclui atividades físicas diárias, ministradas por professores de educação física, além de artes e culinária em dias alternados. "As crianças chegam a fazer a própria comida, e tudo é feito de maneira educativa. Explicamos o que é carboidrato, o que é proteína, mas sem aquela atmosfera de aula que eles têm na escola, afinal, estão de férias."
A professora de psicologia da educação da USP Silvia Gasparian Colello diz ser muito favorável a esse tipo de atividade durante as férias.
"Há uma imagem idealizada de que as férias são um momento em que a família toda tem de estar reunida, fora dos grandes centros e em ócio não produtivo. As férias também podem ser um período de aprendizado lúdico, e os pais não devem se sentir culpados por não estarem com os filhos o tempo todo", diz a professora.

Férias na escola
Alguns colégios também oferecem atividades recreativas durante as férias, mas os cursos são oferecidos apenas a alunos da instituição e convidados.
E qual a solução para os pais que continuam a trabalhar na férias? A coordenadora do ensino fundamental do colégio, Rosa Filomena Ignarro, explica: "Acaba sobrando para os avós e para as babás."


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