DA REPORTAGEM LOCAL

O número de casos de dengue no Estado de São Paulo nos sete primeiros meses do ano já ultrapassa o total de casos registrados em 2004: são 4.287 contra 3.049 ocorrências feitas no ano passado, segundo levantamento da Secretaria de Estado da Saúde.
O aumento de casos interrompe um ciclo de três anos consecutivos de queda no Estado, que chegou a ter 51.668 ocorrências da doença em 2001. No país, houve um crescimento de 37% do número de casos no primeiro semestre em comparação ao mesmo período do ano passado.
O alerta de um possível surto de dengue do sorotipo 3 do vírus no verão levou o Ministério da Saúde a antecipar o Liraa (Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti) para o início de outubro. Também será intensificado o trabalho para desencadear campanhas preventivas.
No Estado de São Paulo, a cidade de Santos lidera o ranking da dengue, com 1.017 casos. Em seguida vem Olímpia, na região de Barretos, com 834 casos, e Ribeirão Preto, com 463.
Segundo o coordenador do programa de controle e prevenção da dengue em Santos, Marcelo Brenna, as condições climáticas dos primeiros meses do ano contribuíram para o aumento do número de casos -índices pluviométricos acima da média e temperaturas bastante elevadas no outono e no começo do inverno.
A partir da próxima semana, secretários municipais da saúde estão sendo chamados à capital paulista para que, em conjunto com a Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), tracem novas estratégias para o combate e controle da doença.
A preocupação é com o risco de uma epidemia da doença no próximo verão. Segundo Carlos Magno Fortaleza, coordenador de Controle de Doenças da secretaria, vários fatores podem estar ligados ao aumento, entre eles a troca de gestão nas prefeituras municipais e um certo relaxamento da população em relação aos cuidados para evitar os focos.
O Brasil fechou o primeiro semestre deste ano com 118.698 casos de dengue, 37% a mais que o total registrado nos seis primeiros meses de 2004 -86.572 casos.
Segundo Giovanini Coelho, coordenador-geral do Programa Nacional de Controle da Dengue, do Ministério da Saúde, houve aumento do número de casos em 19 Estados e redução em oito.
Ele afirma que, desde dezembro de 2004, alguns municípios que trocaram a gestão municipal relaxaram nas ações de combate ao mosquito da dengue, e os novos prefeitos encontraram problemas logísticos e operacionais.
Para ele, o problema não é falta de recursos. "Para o arroz com feijão [visita casa a casa e compra de material e insumo], não faltou verba." Em 2004, o Fundo Nacional de Saúde repassou aos Estados e municípios R$ 467,5 milhões para ações antidengue. Outros R$ 124 milhões saíram do ministério com o mesmo fim.