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Chequer defende o fim de patente
DA SUCURSAL DO RIO
Coordenador do programa nacional de DST/Aids do Ministério
da Saúde, Pedro Chequer afirmou
que, se dependesse só de sua área,
a quebra de patentes já teria acontecido. "Com a mudança de gestão no Ministério da Saúde
[Humberto Costa saiu no mês
passado para dar lugar a Saraiva
Felipe], estamos com esperança
renovada de que tomaremos uma
decisão séria e responsável e que
atenda o país", afirma.
O debate a respeito da quebra
compulsória de patentes de medicamentos para baratear os cursos
do programa brasileiro de Aids
divide opiniões e tem hoje em seu
foco principal o medicamento
Kaletra, fabricado pelo laboratório Abbott. O governo tem negociado a diminuição no preço do
medicamento, mas acena com a
possibilidade de passar a produzi-lo compulsoriamente em laboratórios públicos.
No mês passado, em entrevista
à Folha, o cientista americano Robert Gallo, diretor do Instituto de
Virologia Humana da Universidade de Maryland, disse que o governo deveria "ir devagar" e "não
fincar demais as esporas" nessa
negociação. Para Gallo, é preciso
levar em conta quanto a empresa
investiu para desenvolver o remédio: "Se você faz tudo isso e não
consegue vender sua droga porque todo mundo quebrou a patente, você desiste". ONGs apontaram que Gallo estava influenciado pelo discurso da indústria.
Mauro Schechter, da UFRJ, afirma que é comum desqualificar
pessoas com opiniões contrárias à
quebra de patentes "insinuando
que estariam a serviço da indústria farmacêutica".
"O debate sobre a quebra de patentes adquiriu um caráter emocional que impede que se discuta
com isenção o problema. Assim, é
comum colocar como se fosse
uma luta do bem contra o mal.
Transformar a indústria farmacêutica na única vilã da história e,
assim, contribuir para alijá-la do
processo, desestimularia o desenvolvimento de novas drogas, o
que pouco acrescentará ao esforço mundial de combate à Aids."
Essa posição é criticada pelas
ONGs. "A sustentabilidade do
programa brasileiro está ameaçada", afirma Mario Scheffer, do
Grupo Pela Vidda.
(AG)
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