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São Paulo, domingo, 28 de setembro de 2003

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Colégio é último item a ser "cortado"

MARIANA SGARIONI
VERÔNICA FRAIDENRAICH
DA REVISTA

Para a maioria dos pais, "educação" é um dos últimos itens a sofrerem corte no orçamento familiar. Indagados sobre o que fariam diante de uma crise financeira, 78% disseram que tentariam manter seus filhos na escola onde estão, reduzindo outros gastos.
Apesar da prioridade ao ensino, dados sobre matrículas mostram que a classe média não está conseguindo preservar seus filhos. Pesquisa do Instituto Ipsos Brasil, divulgada em agosto passado, apontou uma queda de 23,3% para 21,9% na porcentagem de alunos da rede particular na faixa etária de 15 a 17 anos. O levantamento foi feito com 15.260 jovens de nove centros urbanos no período de janeiro de 2001 a março de 2003. Na rede pública, segundo o estudo, o número de estudantes aumentou de 64,4% para 66,3% nessa mesma faixa etária.
A inadimplência é outro indicador da dificuldade de manter os filhos na rede privada: no primeiro semestre deste ano, esse nível ficou em 11% em todo o Estado de São Paulo. No mesmo período de 2002, era de 7%, segundo dados do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo. "Os pais acabam tendo de optar entre a educação dos filhos e o prato de arroz com feijão na mesa", diz a pedagoga Neide Barbosa Saisi, professora da Faculdade de Educação da PUC-SP.
A migração para a rede pública tem duas consequências imediatas: 1) torna as escolas privadas cada vez mais reduto da elite (92% de classes A e B, segundo levantamento do Datafolha); 2) leva uma parte da classe média para a escola pública, o que pode levar a uma melhoria no nível de ensino fornecido pelo Estado.
Para amenizar os efeitos do primeiro impacto, muitos colégios têm redobrado os esforços nas atividades que buscam mostrar a diversidade social do país. Dificuldade de senso prático, preconceito e repertório limitado são apenas alguns dos problemas que os alunos "de redoma" podem enfrentar no futuro.

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