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Erro no metrô obriga consórcio a reparar 40 metros de túnel
Via Amarela terá que escavar concreto da linha 4 para consertar desalinhamento de duas frentes de trabalho
Falha ocorrida no dia 10
provocou desencontro de túneis e foi considerada
como uma "barbeiragem"
por alguns especialistas
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Consórcio Via Amarela vai
ter que reparar 40 metros de
túnel devido ao erro de topografia que provocou um desalinhamento de 80 cm entre duas
frentes de escavação da linha 4-amarela do Metrô de São Paulo.
O conserto envolve a retirada
de concreto em 20 metros de
cada uma das duas partes do túnel, mas de lados opostos. O
trabalho deve durar três semanas. Os custos são mantidos sob
sigilo, mas a cargo das empreiteiras, que assumiram a falha.
"Será um valor razoável porque a atividade é mais artesanal, e não em linha de produção
de uma escavação normal",
afirma Roberto Kochen, especialista em túneis ligado ao Instituto de Engenharia. Para ele,
os recursos desembolsados para fazer 40 metros equivalem
ao conserto de 4 ou 5 metros.
O erro na execução da obra
da linha 4 foi revelado pela Folha na semana passada. O problema ocorreu em um ponto
que deveria ser a conexão dos
túneis Caxingui/ Três Poderes.
Houve um desalinhamento
lateral de 80 cm que alguns técnicos consideraram uma "barbeiragem". Parâmetros aceitáveis não passam de 10 cm.
O Metrô diz ter registros de
um só desalinhamento anterior no encontro de túneis em
escavações em NATM (que
emprega retroescavadeira e explosivos) -de 5 cm na linha 2.
O Consórcio Via Amarela
(formado por Odebrecht, OAS,
Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez) diz
que já houve desníveis em
grandes obras. O custo da linha
4 é próximo de R$ 2 bilhões.
A escavação onde houve a falha tem 420 metros de túnel e
havia sido iniciada no poço de
ventilação Três Poderes. O outro trecho, do Butantã, tem 320
metros, mas, segundo técnicos
do consórcio, estava na posição
correta. A raspagem do concreto terá que ser feita em 20 metros de cada uma das frentes.
As estratégias do reparo foram apuradas pela Folha com
técnicos da obra. Ontem, horas
após ser contatada pela reportagem, a assessoria de comunicação do Metrô, que tem sido
comandada por Marcello Borg,
divulgou uma nota para toda a
imprensa com as informações.
Dois especialistas ouvidos
têm opiniões diferentes sobre a
correção do desalinhamento.
Kochen avalia que os 40 metros podem ser suficientes para
evitar problemas futuros na
operação dos trens da linha 4.
O engenheiro Luiz Célio Bottura, ex-presidente da Dersa e
especialista em trabalhos topográficos, no entanto, considera
ser preocupante a posição do
eixo do túnel -que ajuda a definir a localização dos trilhos.
Ele avalia que, devido ao tamanho do desalinhamento lateral, certamente há divergências também nesse eixo. E, dessa forma, os 40 metros, para
Bottura, são insuficientes para
corrigir a distorção, podendo
trazer conseqüências como limitação de velocidade e desgaste acelerado dos trilhos.
"A situação precisa ser investigada de estação a estação. Túnel ferroviário é diferente de
rodoviário, qualquer diferença
pode ter impactos", afirma.
O consórcio nega haver problemas no eixo do túnel e diz
que a localização dos trilhos
não precisará de mudanças.
A reportagem apurou que os
engenheiros do Via Amarela
identificaram a origem da falha
no poço Três Poderes, que foi
alvo do marco topográfico original, e consideram provável a
hipótese de erro humano.
O consórcio vai contratar
uma auditoria externa para
avaliar a linha e decidiu adotar
um procedimento extra de
checagem da posição dos túneis, perfurando a superfície a
cada avanço da obra para comparar os marcos topográficos.
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