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Bicicleta é opção para economizar
DA REPORTAGEM LOCAL
Para economizar dinheiro, trabalhadores da região metropolitana de São Paulo pedalam mais
de 10 km por dia para pegar uma
condução a menos. Para ganhar
dinheiro, Antônio Pereira da Costa, 69, montou um estacionamento para essas pessoas.
O empreendimento existe há
cerca de dez anos e fica em frente
à estação de trem de Aracaré, periferia de Itaquaquecetuba (Grande SP). A mensalidade custa R$
12, e a diária, R$ 0,50.
Conhecido como "estacionamento de bicicletas do seu Antônio", o local guarda mais de 200
bicicletas todos os dias, de moradores de regiões nem tão próximas que vão até lá para pegar o
trem até o centro de São Paulo
-o ponto final da linha é no Brás.
O pedreiro Luís Carlos Nascimento, 38, é um dos clientes. Ele
acorda todo dia por volta das 3h,
toma um café e pedala durante 15
minutos até a estação de Aracaré.
Depois de guardar a bicicleta
(paga os R$ 0,50 do dia), vai de
trem até o Brás, onde faz baldeação até a Luz, também na região
central de São Paulo. Dali, pega
mais um ônibus para o Campo
Limpo (zonal sul de SP), aonde
chega às 8h. Só inicia o longo percurso de volta depois das 18h.
Nascimento não sabe quanto
percorre, mas vai pedalando para
economizar uma passagem. Se
não fosse de bicicleta, o pedreiro
ainda teria de pegar mais um ônibus de sua casa.
A idéia do estacionamento nasceu depois que a construção de
uma ponte na região tirou o trabalho de Antônio da Costa, que
fazia a travessia do rio Tietê em
um barco. Ele diz ganhar mais de
R$ 1.200 por mês.
Sem bicicleta e sem emprego,
Marcelino Carvalho dos Santos,
23, é mais um sem-transporte. Ele
sai diariamente às 7h e caminha 4
km da casa, no Jardim Maragogipe, até o centro de Itaquaquecetuba. Volta ao meio-dia, para almoçar, e, quando ainda tem ânimo,
refaz o trajeto à tarde, num total
de 16 km.
(PEDRO DIAS LEITE)
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