São Paulo, terça-feira, 29 de janeiro de 2008

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Shopping quer abrir avenida dentro de CEU

Via que corta escolão na zona leste seria acesso alternativo ao shopping Aricanduva; moradores também pedem mudança

Prefeitura afirma que não vai autorizar a passagem, mas diz que estuda uma solução para o problema do tráfego na região

Marcelo Justo/Folha Imagem
Imagem aérea mostra o CEU Aricanduva, na zona leste de São Paulo, cortado pela av. Gualtar; shopping pede reabertura de via

ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O shopping Aricanduva, autodenominado o maior da América Latina, pressiona a Prefeitura de São Paulo para abrir uma avenida dentro de um CEU (Centro Educacional Unificado) na zona leste.
A gestão Gilberto Kassab (DEM) afirma que não vai autorizar a passagem de uma via dentro da escola, mas diz que estuda uma solução para o problema do tráfego na região.
Segundo a Siurb (Secretaria de Infra-Estrutura Urbana e Obras) e a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), uma das possibilidades é a abertura de uma nova via de acesso ou -em situação mais drástica- a remoção de parte do centro para outro terreno.
O CEU Aricanduva, que atende cerca de 2.400 alunos de 0 a 14 anos, foi inaugurado em 2003, na gestão Marta Suplicy (PT). O problema é que o prédio foi construído sobre a avenida Gualtar, que foi fechada. Nela funciona hoje o estacionamento para professores e funcionários do centro.
A estrada ligaria a av. Aricanduva aos bairros da região Cidade Líder. Ela passa ao lado do estacionamento do shopping. De um lado da avenida, fica o bloco cultural (com teatro e outras opções) e, do outro lado, as piscinas e as salas de aula. "Fechar uma avenida para servir de estacionamento para os professores não tem o menor cabimento", afirma o superintendente do shopping, Marcos Sérgio de Oliveira Novaes, que diz apoiar os moradores.
A solução para o problema, segundo ele, seria a construção de uma passarela ligando os dois blocos, como previa o projeto original, que evitaria o contato dos alunos com os carros.
Com o fechamento da via, segundo ele, a comunidade ficou sem a principal opção de acesso. A vice-presidente da associação de moradores, Irene Floripes de Sousa, 58, confirma o problema. "Estamos ilhados", disse. Ela, porém, diz que o shopping também tem seus interesses. "O fato de termos um aliado tão forte acho que até atrapalha", afirmou.
Para o shopping, a abertura da via facilitaria o fluxo dos cerca de 800 mil veículos que visitam o Aricanduva por mês, segundo números do próprio empreendimento, já que parte dos moradores da região utiliza uma via que passa dentro do shopping. Haveria a opção de abertura de uma outra entrada pela avenida Gualtar.
A CET informou que não poderia comentar o problema do tráfego na região, já que ela analisa a consulta da Siurb para a abertura da Gualtar.
Segundo Marcelo Cardinale Branco, secretário de Infra-Estrutura Urbana, o pedido para analisar a abertura da via partiu de Alexandre Schneider, secretário de Educação. Branco diz que a primeira questão é analisar se a abertura é realmente necessária e, se for, como evitar o prejuízo aos alunos.
O subprefeito de Itaquera, Laert de Lima Teixeira, apontado pelo shopping e por moradores da região como simpático à idéia de abertura da via, foi procurado desde a última quinta-feira para comentar o assunto, mas não atendeu à reportagem.


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