|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AMBIENTE
Shell reconhece autoria da contaminação do solo em Paulínia (SP) por pesticidas, mas não por materiais pesados
Água poluída por metais contamina 3
RAQUEL LIMA
DA FOLHA CAMPINAS
ADEMAR MARTINS FERREIRA
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS
Exames feitos na última segunda-feira em cinco pessoas que
moram na região do Recanto dos
Pássaros, em Paulínia (126 km de
São Paulo), constataram a presença de cinco tipos de metais pesados em pelo menos três delas
-duas das quais são crianças.
Também há suspeitas de contaminação dos moradores por produtos organoclorados, como
Dieldrin, Aldrin, Endrin e Endrin
Ketone. Esses produtos são comprovadamente cancerígenos.
O bairro fica localizado na região onde, até 1994, uma unidade
da Shell Brasil funcionou.
A empresa apresentou autodenúncia de contaminação do solo e
do aquífero da área por pesticidas
em 1995, quando vendeu a unidade para a empresa Cianamid.
Os moradores resolveram realizar os exames por conta própria.
O resultado apontou a presença
de arsênico e alumínio em Alda
Küper e S.R.N., 12, e A.N.N., 8.
Ainda foi encontrada contaminação por titânio em S.R.N., chumbo em A.N.N. e Alda, que também
tem níquel e berílio. Alda afirmou
que sua situação é preocupante.
"Antes, quando eu sentia dores
de cabeça e no corpo, eu não percebia ou não achava que elas podiam ter relação com o que aconteceu aqui, mas, agora, tudo mudou", afirmou.
A moradora Marta Valderez
Bueno de Lima pretende fazer o
exame, mas disse não ter recursos
para a realização. O preço dos
exames varia de R$ 70 a R$ 350,
segundo o médico Marcos Paulo
Ohswald Júnior. Marta tem condicercoma da bacia, que é um tipo
de câncer maligno.
Antônio de Pádua Mello, um
dos organizadores do acampamento que está em frente à antiga
unidade da Shell, afirmou ontem
que deve sair do local quando obtiver recursos suficientes. A sogra
de Mello morreu de câncer e sua
mulher teve tumor há seis meses.
A Comissão de Meio Ambiente,
Defesa do Consumidor e Minorias da Câmara dos Deputados
aprovou ontem o ofício do deputado Luciano Zica (PT-SP) para
convidar, na próxima semana, os
presidentes da Shell Brasil, Aldo
Castelli, e da Cetesb, Antônio Rubens Lara, para uma audiência
pública no Congresso.
O secretário de Meio Ambiente
de Paulínia, Henrique Padovani,
afirmou que solicitou ao advogado dos moradores que encaminhasse cópia dos exames.
Outro lado
A Shell informou ontem, por
meio de sua assessoria, que nunca
manipulou ou produziu metais
pesados na unidade de pesticidas
de Paulínia e que um exame encomendado por ela constatou a presença desses metais na água do local, mas descarta a possibilidade
de ser a responsável pela contaminação. A Shell informou ainda
que alertou os moradores e o Ministério Público sobre a presença
dos metais pesados.
Texto Anterior: Espanha cria centro de estudos brasileiros Próximo Texto: Acidente em alto-mar: Petrobras gastará 457% a mais com seguro Índice
|