São Paulo, quinta-feira, 29 de março de 2001

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TRANSPORTE

Trem que hoje pára no Brás seguirá direto para o centro velho, aumentando em 7,5 vezes o movimento da estação

Obra facilitará acesso da zona leste à Luz

SÉRGIO DURAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A partir de setembro do próximo ano, a circulação de passageiros na estação de trem da Luz, no centro de São Paulo, multiplicará será multiplicada 7,5 vezes -um salto de 40 mil para cerca de 300 mil pessoas por dia.
A causa do aumento, segundo a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), será a conclusão, nessa data, do projeto Integração Centro, que garantirá o acesso direto dos passageiros da rede ferroviária da zona leste para o centro velho. A obra também irá permitir a unificação, por meio de uma passagem subterrânea, das estações de trem e de metrô na Luz, permitindo a mudança de transporte com o mesmo bilhete.
O túnel que integrará as estações terá saídas para a rua Cásper Líbero, para o parque da Luz e para a Pinacoteca do Estado.
Com o túnel, quem vem da zona leste poderá seguir direto para a Barra Funda. Hoje isso não é possível: é preciso descer no Brás, mudar de plataforma e pegar outra linha. Outra opção é recorrer ao metrô, já que as estações são interligadas por passarela.
Orçada em US$ 95,1 milhões (aproximadamente R$ 202 milhões), a obra está sendo paga pelo governo do Estado e pelo Banco Mundial, que investiu US$ 51,5 milhões.
Os detalhes da operação estão numa exposição multimídia inaugurada ontem pelo governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), na estação da Luz.
"A operação completa o sonho do (ex-governador) Mário Covas de ver essa região totalmente integrada e voltada para a cultura. Ao redor, estarão a Pinacoteca, onde tudo começou, a Sala São Paulo, o Jardim da Luz, a Universidade Livre de Música, o Museu de Arte Sacra e a Oficina Cultural Oswald de Andrade", afirmou Alckmin.
Com painéis, vídeo e animação gráfica, a exposição mostra os detalhes da Integração Centro, cujas obras estão divididas em 11 projetos arquitetônicos diferentes.
Um deles diz respeito à modernização da estação ferroviária do Brás, que deixará de ser unicamente um terminal. A partir do próximo ano, somente a linha F, que vem de Calmon Viana, na cidade de Poá, terá ponto final na estação. Atualmente, três linhas terminam no local.
A operação inclui ainda a instalação de escadas rolantes e a mudança da decoração das estações, tornando-as mais modernas e parecidas com as do metrô.

Centro cultural
Os túneis subterrâneos que unirão trem e metrô mudarão o perfil da estação ferroviária da Luz, cuja inauguração do prédio atual completou cem anos no último dia 1º. O embarque poderá ser feito como é atualmente, porém outras entradas serão abertas, e, com isso, a movimentação no andar térreo deverá diminuir.
Essa é uma das razões por que o Estado decidiu transformá-la em um novo centro cultural, ocupando o primeiro e o segundo pavimentos da construção de estilo inglês. O espaço será dedicado à pesquisa da língua portuguesa.
O projeto é uma parceria do governo com a Fundação Roberto Marinho e irá captar recursos da iniciativa privada. O dinheiro servirá tanto para restaurar o prédio quanto para montar o que será o Memorial da Língua Portuguesa. "Os empresários têm-se mostrado muito receptivos", declarou o governador Geraldo Alckmin.

Cem anos
A história da estação de trem da Luz começa em 1860, quando o governo cedeu o terreno para a sua construção.
Porém a estação, com a arquitetura de hoje, começou a ser construída em 1895, sob orientação do engenheiro inglês F. Ford. A maior parte do material usado na edificação, como as pontes metálicas, veio da Inglaterra. No dia 1º de março de 1901, o prédio foi entregue oficialmente ao município pela São Paulo Railway.


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