São Paulo, quinta-feira, 29 de março de 2001

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RIO

Residência oficial do governador do Estado estará aberta para visitação pública, depois de passar um ano em reformas

Palácio das Laranjeiras será reinaugurado

SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO

O palácio das Laranjeiras, residência oficial do governador Anthony Garotinho (PSB) e palco de alguns dos mais agitados acontecimentos da política brasileira, será reinaugurado hoje. O palacete passou por uma reforma durante um ano para poder ser aberto à visitação pública.
Desde que foi comprado da família Guinle pela União, em 1947, o palácio -construído em 1913 por Eduardo Guinle- já passou por três reformas.
A última delas, feita em parceria do governo estadual com a Petrobras, começou em março de 2000 e custou R$ 850 mil. A decisão de restaurá-lo foi tomada após Garotinho decidir fazer dele sua residência oficial -o último governador a morar no palacete havia sido Moreira Franco (87-91).
Foi feita uma obra de restauração apenas na ala social do palácio. Foram reparadas rachaduras nas fachadas, que, em alguns pontos, precisaram de novo revestimento e novos ornatos.
Parte dos pisos em mosaico de cerâmica e mármore também teve de ser refeita. "Algumas peças se soltaram e foram perdidas. Tivemos de remontar os desenhos", disse a arquiteta Yanara Haas, do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), que supervisionou a restauração.
Também teve de ser refeito o piso de madeira em parquê (tons diferentes formando desenhos) dos salões. Estátuas em bronze e mármore, vitrais, luminárias e todo o mobiliário foram limpos e restaurados. As cortinas foram trocadas. Cadeiras e sofás receberam novo estofamento.
Foi feita a descupinização no prédio, a restauração dos jardins e eliminaram-se os aparelhos de ar-condicionado aparentes nas fachadas. Erros cometidos em restaurações anteriores, como pinturas em locais onde originalmente não existiam, foram corrigidos.
A viúva do ex-governador Chagas Freitas (79-83), Zoé Chagas Freitas, responsável pela primeira reforma do palácio, conta que o Laranjeiras precisava passar por nova restauração.
"O mobiliário e a fachada estavam se deteriorando. Lá dentro existem peças de museu", diz, referindo-se a quadros como um Moretto da Brescia (século 16), dois Franz-Post e um retrato do rei francês Luís 14, de Rigaud.
A reforma do Laranjeiras coordenada por Zoé durou todo o governo Chagas Freitas e mexeu na estrutura do palácio. Segundo ela, o custo da obra era muito alto, por isso demorou tanto. Zoé diz não se lembrar do valor da obra.
O Laranjeiras também passou por pequenas reformas na gestão de Moreira Franco.

História
A residência oficial do governador faz parte da história do país. Lá morou o presidente Juscelino Kubitschek, quando o Rio ainda era a capital federal.
No Laranjeiras, o presidente João Goulart recebeu, em 1964, a carta assinada pelo general Mourão Filho, informando que os militares queriam sua renúncia.
Quatro anos mais tarde, no salão imperial, o general Costa e Silva, então presidente da República, assinou o AI-5, que restringiu liberdades individuais e políticas.


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