São Paulo, sábado, 29 de março de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Vazamento perto da cratera foi em tubulação clandestina

Para especialistas, há falta de controle da rede

DA REPORTAGEM LOCAL

A inclusão de uma tubulação clandestina com água entre os fatores contribuintes do acidente da linha 4-amarela do metrô revela um problema constante de descontrole das ligações subterrâneas em São Paulo, segundo especialistas.
Laudo divulgado anteontem do engenheiro britânico Nicholas Barton, contratado pelo Consórcio Via Amarela, considerou que a ruptura de uma rede desconhecida na estação Pinheiros provocou a infiltração de água no solo e favoreceu para a queda de uma rocha gigante sobre a estrutura do túnel.
Para ele, a tragédia que deixou sete mortos foi resultado de uma fatalidade por conta de uma anomalia geológica, mas com a contribuição da água.
A Secretaria de Infra-Estrutura da Prefeitura de São Paulo diz que a tubulação citada não era de conhecimento de seu engenheiro que atua na região e reconheceu a existência de redes semelhantes que não constam das plantas do município.
O presidente do Comitê Brasileiro de Túneis, Tarcísio Barreto Celestino, afirma que a estrutura foi motivo de desconfiança nos dias seguintes à abertura da cratera porque ela jorrava água sem parar.
Segundo Celestino, cuja empresa presta serviços ao Via Amarela, foi identificado que ela inicialmente integrava a rede da Sabesp (que não confirma), mas que havia sido desativada. "Depois alguém a colocou em uso para águas pluviais indevidamente", afirmou ele.
Roberto Kochen, ligado ao Instituto de Engenharia, disse que as redes clandestinas de esgoto e água são freqüentes.
Mas a informação de que a ruptura da rede favoreceu à tragédia pode também motivar questionamentos ao trabalho das construtoras da linha 4.
Um técnico relatou que, antes do acidente, foram identificadas zonas molhadas -provavelmente devido ao rompimento da tubulação- numa região de escavação que era seca. Há quem veja no fato um alerta de que havia anormalidade. Mas, para Kochen, a mudança não chegava a ser um sinal amarelo.


Texto Anterior: Sem dar prazo, DER diz que vai resolver curva
Próximo Texto: MEC quer mudar português já em 2009
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.