São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 2005

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BARBARA GANCIA

No lugar dos pais não sobrou ninguém

As cenas mais repugnantes da semana estão contidas em uma fita de vídeo que servirá como prova em um julgamento que deve sacudir a Flórida. As imagens, realizadas no último dia 14 de março na escola Fairmount Park, em St. Petersburg (Fla), correram o mundo.
Elas começam mostrando uma aluna do jardim da infância, de vestido branco e lacinhos no cabelo, jogando livros e objetos pela classe e se debatendo para não ser contida pela professora, que a repreende de forma quase inócua.
Na cena seguinte, a menina aparece sentada em um banquinho, aparentemente mais tranqüila. De repente, três policiais surgem diante da câmera. Dois deles, um homem e uma mulher, agarram a guria, viram os braços dela para trás - ela começa a gritar e a chorar- a algemam e a encaminham para uma viatura policial. Detalhe: a pequena tem cinco anos e é negra.
O drama todo foi deflagrado em um exercício para aprender a contar com jujubas, durante o qual a menina se portou mal e teve suas jujubas confiscadas pela professora. A petiz reagiu jogando livros e objetos pela classe e agredindo a mestra. A mãe, que agora move processo contra a polícia local, foi chamada para intervir, mas não pôde comparecer. Estava trabalhando.
Por muitos anos, o lema "in loco parentis" (no lugar dos pais) reinou soberano nas escolas. Não mais. Do momento em que câmeras de vídeo se fazem necessárias em salas do jardim da infância para prevenir contra possíveis processos movidos pelos pais, podemos estar certos de que as relações entre mestres e alunos goraram. A ponto de a indisciplina de uma moleca com menos de 25 quilos virar caso de polícia.

 

O nobre leitor pode xingar e soltar fogo pela ventas quanto quiser, mas é bom que saiba: o presidente da República não está nem aí com sua indignação.
Você ficou tiririca com a história dos traseiros e dos juros? Pois lamba suas feridas calado. A bordo do Santos Dumont (toc, toc, toc!), Lula cruza em céu de brigadeiro a caminho da reeleição. Ou será que alguém acha que os disparates que o presidente profere irão mudar alguma coisa?
Veja: apenas 26% da população com mais de 15 anos têm domínio pleno das habilidades de leitura e escrita. Só nove jornais brasileiros ultrapassam os 100 mil exemplares vendidos diariamente e, em cidades como Belém, Fortaleza e Maceió, mais da metade da população não é servida por saneamento básico. Passa gelol que passa!

QUALQUER NOTA

Poção mágica
A jornalista inglesa Christina Lamb não fez jus ao nome. O cordeiro (lamb, em inglês) não se queixa ao ser imolado. Já a jornalista, em quem Paulo Coelho se inspirou para criar Esther, personagem de seu novo livro, "O Zahir", afirmou no "Sunday Times" que o autor "roubou" sua alma. Ora, partindo de uma profissional da escrita, a afirmação soa capciosa. Se eu fosse o Coelho (rabbit, em inglês) mandava a ela um famoso elixir calmante tapuia: o chá de erva cidreira.

Equação da semana
Galvão Bueno + nova câmera aérea da Globo = crise aguda de labirintite.

@ - barbara@uol.com.br
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