São Paulo, domingo, 29 de abril de 2007

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Sucateiros lucram com a lei do outdoor

Atravessadores cobram, em média, R$ 2.000 para retirar placas com dimensões fora do permitido em SP pelo Cidade Limpa

Carroceiros e empresas de prensagem e trituração também se beneficiaram com o excesso de sucata e estruturas metálicas

DA REPORTAGEM LOCAL

A proibição de outdoors e a restrição a placas da Lei Cidade Limpa aqueceram o mercado de sucata e ferros-velhos em São Paulo. E para onde vão a carcaça e as estruturas metálicas dos painéis publicitários?
O fim da validade da liminar obtida pelo Sepex (Sindicato das Empresas de Publicidade Exterior), que caducou em 31 de março e protegia as placas-suporte e anúncios das marginais Tietê e Pinheiros, criou uma superoferta de sucata e estruturas metálicas. Festa para os carroceiros, lucro para atravessadores e empresas de prensagem e trituração.
Hoje, na avaliação da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização), as estruturas metálicas são subavaliadas e vendidas a preço abaixo do mercado a carroceiros e ferros-velhos. Atravessadores têm oferecido a lojistas, em média, R$ 2.000 para retirada da placa e mais R$ 1.000 para colocação de novo letreiro adequado às dimensões do Cidade Limpa.
"Os indicativos têm muito ferro, valem dinheiro, valem muito mais do que isso [R$ 2.000]. Ninguém imaginava que as pessoas fossem retirar de forma tão imediata. Houve uma supervalorização", avalia Regina Monteiro, diretora de Paisagem Urbana da Emurb.
Depois de desmontados por equipes da prefeitura, os outdoors são levados para depósitos da subprefeitura da região. Os custos, em geral, são pagos pelos proprietários das placas, que retiram o material na seqüência. O que não é reclamado é guardado para possível leilão.
Saídas do galpão, as estruturas migram para outras cidades em que a publicidade externa é permitida ou são oferecidas a sucateiros. E é aí que começa o mercado do ferro-velho.
Hoje, pagam-se até R$ 0,38 por quilo de ferro, se a peça estiver serrada em pedaços com menos de um metro de diâmetro, segundo avaliação da Trufer Comércio de Sucatas, uma das maiores empresas do ramo no Estado de São Paulo. Pedaços com mais de um metro são comprados por R$ 0,30 o quilo.
"Todos os dias recebemos ligações com oferta de material. O mercado hoje está muito maior. Agora, é o tipo de coisa que dá mais volume do que peso. Então, as peças são trituradas para compactar o tamanho e serem levadas à boca do forno da siderúrgica", diz Adílson Lima Ferreira, da Trufer.
O Sindinesfa (Sindicato do Comércio Atacadista de Sucata Ferrosa e Não Ferrosa do Estado de São Paulo) diz que catadores, cooperativas, ferros-velhos e pequenos depositários são os maiores beneficiários.
Na primeira quinzena deste mês ainda havia 349 placas (295 já sem propaganda) na marginal Pinheiros e 184 estruturas (118 delas sem propaganda) ao longo da Tietê. (VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO)


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