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Sucateiros lucram com a lei do outdoor
Atravessadores cobram, em média, R$ 2.000 para retirar placas com dimensões fora do permitido em SP pelo Cidade Limpa
Carroceiros e empresas de prensagem e trituração também se beneficiaram com o excesso de sucata e estruturas metálicas
DA REPORTAGEM LOCAL
A proibição de outdoors e a
restrição a placas da Lei Cidade
Limpa aqueceram o mercado
de sucata e ferros-velhos em
São Paulo. E para onde vão a
carcaça e as estruturas metálicas dos painéis publicitários?
O fim da validade da liminar
obtida pelo Sepex (Sindicato
das Empresas de Publicidade
Exterior), que caducou em 31
de março e protegia as placas-suporte e anúncios das marginais Tietê e Pinheiros, criou
uma superoferta de sucata e estruturas metálicas. Festa para
os carroceiros, lucro para atravessadores e empresas de prensagem e trituração.
Hoje, na avaliação da Emurb
(Empresa Municipal de Urbanização), as estruturas metálicas são subavaliadas e vendidas
a preço abaixo do mercado a
carroceiros e ferros-velhos.
Atravessadores têm oferecido a
lojistas, em média, R$ 2.000
para retirada da placa e mais
R$ 1.000 para colocação de novo letreiro adequado às dimensões do Cidade Limpa.
"Os indicativos têm muito
ferro, valem dinheiro, valem
muito mais do que isso [R$
2.000]. Ninguém imaginava
que as pessoas fossem retirar
de forma tão imediata. Houve
uma supervalorização", avalia
Regina Monteiro, diretora de
Paisagem Urbana da Emurb.
Depois de desmontados por
equipes da prefeitura, os outdoors são levados para depósitos da subprefeitura da região.
Os custos, em geral, são pagos
pelos proprietários das placas,
que retiram o material na seqüência. O que não é reclamado
é guardado para possível leilão.
Saídas do galpão, as estruturas migram para outras cidades
em que a publicidade externa é
permitida ou são oferecidas a
sucateiros. E é aí que começa o
mercado do ferro-velho.
Hoje, pagam-se até R$ 0,38
por quilo de ferro, se a peça estiver serrada em pedaços com
menos de um metro de diâmetro, segundo avaliação da Trufer Comércio de Sucatas, uma
das maiores empresas do ramo
no Estado de São Paulo. Pedaços com mais de um metro são
comprados por R$ 0,30 o quilo.
"Todos os dias recebemos ligações com oferta de material.
O mercado hoje está muito
maior. Agora, é o tipo de coisa
que dá mais volume do que peso. Então, as peças são trituradas para compactar o tamanho
e serem levadas à boca do forno
da siderúrgica", diz Adílson Lima Ferreira, da Trufer.
O Sindinesfa (Sindicato do
Comércio Atacadista de Sucata
Ferrosa e Não Ferrosa do Estado de São Paulo) diz que catadores, cooperativas, ferros-velhos e pequenos depositários
são os maiores beneficiários.
Na primeira quinzena deste
mês ainda havia 349 placas
(295 já sem propaganda) na
marginal Pinheiros e 184 estruturas (118 delas sem propaganda) ao longo da Tietê.
(VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO)
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