São Paulo, quarta-feira, 29 de abril de 2009

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Pescadores param obra da Petrobras no Rio

Manifestantes barram há 20 dias a construção de dutos na cidade de Magé, sob justificativa de que obra prejudicará pesca

Grupo impede a entrada e saída de embarcações usadas na montagem de estrutura na Baía de Guanabara, que será usada para escoar gás


ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

Protesto de cerca de 40 pescadores na praia de Mauá, em Magé (a 60 km do Rio), paralisa há 20 dias uma obra da Petrobras para a construção de dutos na Baía de Guanabara.
Os manifestantes impedem a entrada e saída de embarcações usadas na montagem de dutos a serem usados para escoamento de GLP, o gás de cozinha.
Os pescadores afirmam que o duto vai inviabilizar a pesca na região por até oito meses, e prejudicá-la por tempo indeterminado. Segundo eles, a estatal não os procurou para definir medidas para diminuir o impacto da obra ou mesmo orientar sobre a navegação no local durante as intervenções.
A Petrobras diz que está "aberta ao diálogo" e que tem como prioridade "minimizar" o impacto para os pescadores.
A obra da estatal tem como objetivo a instalação de dois dutos de interligação do Terminal da Ilha Comprida, próximo à Ilha do Governador, zona norte do Rio, com a Refinaria de Duque de Caxias (Reduc).
A Petrobras pretende com a obra armazenar e disponibilizar para outras regiões do país o GLP produzido na Reduc, com o processamento do gás natural da Bacia de Campos.
Os pescadores afirmam que tiveram redes e barcos danificados por embarcações da empresa responsável pelo empreendimento e pelos cabos de aço que estão pouco abaixo do espelho d'água.
Dizem que seus barcos, a maioria a remo ou motor pouco potente, precisarão de duas horas para passar obstáculos num trajeto que dura 20 minutos.
"Só vamos sair quando derem uma alternativa viável para o nosso sustento. Não tendo o mar, não temos como tirar nosso sustento", afirmou Alexandre Anderson, presidente do Grupo Homens do Mar, entidade que organiza o protesto.

Plantão
Os manifestantes se revezam no plantão às margens da praia de Mauá. Quando se aproxima alguma embarcação, eles avisam sobre o protesto aos comandantes dos barcos e impedem a progressão do navio colocando canoas no caminho.
Segundo a Secretaria de Meio Ambiente de Magé, a Petrobras não tem autorização para realizar a obra no local.
Quando a Folha chegava ontem à praia, um oficial de Justiça tentava comunicar os manifestantes sobre um processo aberto pelo consórcio responsável pela obra contra a associação de pescadores.
Segundo decisão liminar do juiz Orlando Eliazaro Feitosa, os pescadores têm cinco dias para desocupar o canteiro de obras, sob pena de multa diária de R$ 100. Nenhum pescador quis assinar a citação.


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