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Pescadores param obra da Petrobras no Rio
Manifestantes barram há 20 dias a construção de dutos na cidade de Magé, sob justificativa de que obra prejudicará pesca
Grupo impede a entrada e saída de embarcações usadas na montagem de estrutura na Baía de Guanabara, que será usada para escoar gás
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
Protesto de cerca de 40 pescadores na praia de Mauá, em
Magé (a 60 km do Rio), paralisa
há 20 dias uma obra da Petrobras para a construção de dutos
na Baía de Guanabara.
Os manifestantes impedem a
entrada e saída de embarcações
usadas na montagem de dutos a
serem usados para escoamento
de GLP, o gás de cozinha.
Os pescadores afirmam que o
duto vai inviabilizar a pesca na
região por até oito meses, e prejudicá-la por tempo indeterminado. Segundo eles, a estatal
não os procurou para definir
medidas para diminuir o impacto da obra ou mesmo orientar sobre a navegação no local
durante as intervenções.
A Petrobras diz que está
"aberta ao diálogo" e que tem
como prioridade "minimizar" o
impacto para os pescadores.
A obra da estatal tem como
objetivo a instalação de dois
dutos de interligação do Terminal da Ilha Comprida, próximo
à Ilha do Governador, zona
norte do Rio, com a Refinaria
de Duque de Caxias (Reduc).
A Petrobras pretende com a
obra armazenar e disponibilizar para outras regiões do país
o GLP produzido na Reduc,
com o processamento do gás
natural da Bacia de Campos.
Os pescadores afirmam que
tiveram redes e barcos danificados por embarcações da empresa responsável pelo empreendimento e pelos cabos de
aço que estão pouco abaixo do
espelho d'água.
Dizem que seus barcos, a
maioria a remo ou motor pouco
potente, precisarão de duas horas para passar obstáculos num
trajeto que dura 20 minutos.
"Só vamos sair quando derem uma alternativa viável para o nosso sustento. Não tendo
o mar, não temos como tirar
nosso sustento", afirmou Alexandre Anderson, presidente
do Grupo Homens do Mar, entidade que organiza o protesto.
Plantão
Os manifestantes se revezam
no plantão às margens da praia
de Mauá. Quando se aproxima
alguma embarcação, eles avisam sobre o protesto aos comandantes dos barcos e impedem a progressão do navio colocando canoas no caminho.
Segundo a Secretaria de
Meio Ambiente de Magé, a Petrobras não tem autorização
para realizar a obra no local.
Quando a Folha chegava ontem à praia, um oficial de Justiça tentava comunicar os manifestantes sobre um processo
aberto pelo consórcio responsável pela obra contra a associação de pescadores.
Segundo decisão liminar do
juiz Orlando Eliazaro Feitosa,
os pescadores têm cinco dias
para desocupar o canteiro de
obras, sob pena de multa diária
de R$ 100. Nenhum pescador
quis assinar a citação.
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