São Paulo, quarta-feira, 29 de abril de 2009

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OPINIÃO

Quatro critérios para escolher uma escola


Meus filhos ainda estão pequenos demais, felizmente, para que eu me preocupe com assuntos de Enem e vestibular. Mas passei, neste ano, pela experiência de escolher a escola em que deverão cursar o ensino fundamental


MARCELO COELHO

COLUNISTA DA FOLHA


Meus filhos ainda estão pequenos demais, felizmente, para que eu me preocupe com assuntos de Enem e vestibular.
Mas passei, neste ano, pela experiência de escolher a escola em que eles deverão cursar o ensino fundamental.
Como todo o mundo sabe, nenhuma escola será perfeita e, numa cidade como São Paulo, é decisivo que as crianças estudem num lugar perto de casa.
Sem dúvida, eu levaria em conta o Enem na hora de matricular meus filhos num colégio. Mas, quando as diferenças entre uma escola e outra se medem em décimos de ponto, acho importante pensar em outros critérios, que levei em conta na minha experiência recente. Alguns exemplos:
1) Coeficiente de babaquice. É, sem dúvida, o mais subjetivo de todos, mas, quando, numa entrevista com o coordenador pedagógico, começo a ouvir frases do tipo "construção coletiva do conhecimento", "vivências interdisciplinares", fico desconfiado. Não que discorde disso. Mas nada substitui o conteúdo interessante e bem dado.
Ainda neste item, há o grau de babaquice dos pais. Se os pais fazem questão de "aula de informática", "formação religiosa" e "ginásio de esportes completo", não são muito do meu tipo;
2) Coeficiente de hipocrisia. Acho insuportável o tipo de colégio que se propõe a "passar uma visão crítica da sociedade" e, ao mesmo tempo, privilegia os filhos de ex-alunos, por menos talentosos que sejam, na hora da matrícula.
É uma política de cotas para filhos de banqueiros.
Também acho hipócrita falar em "verificação de conteúdo" quando a palavra certa é "prova" e usar o conceito "insatisfatório" quando a nota é próxima de zero;
3) Coeficiente de organização. Depende, é claro, do tipo psicológico do seu filho. Há os que se dão melhor numa escola mais estruturada, com tarefas e procedimentos mais regulares. Para alguns, isso é fonte de segurança; para outros, de estresse ou de terror;
4) Coeficiente de massificação. Prefiro classes menores, espaços mais modestos, relações mais pessoais. Uma alta pontuação no Enem pode significar apenas que a escola está mais preocupada com o Enem do que com os seus alunos.
De resto, quanto mais se passar a valorizar exclusivamente o Enem, menor será o seu significado.
Os alunos já serão selecionados pela escola na medida em que possam ajudar a escola a manter sua pontuação.


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