São Paulo, sábado, 29 de maio de 2004

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NA INDONÉSIA

Sentença sairá no dia 8

Perdão a brasileiro é difícil, diz diplomata

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA SUCURSAL DO RIO

Se condenado à morte e executado, o instrutor de vôo livre carioca Marco Archer Cardoso Moreira, 42, preso desde agosto do ano passado na Indonésia por tráfico de drogas, será o primeiro estrangeiro morto pelo Estado no país, informou à Folha a Embaixada do Brasil em Jacarta.
Em sua audiência de defesa, na quarta-feira, Moreira disse ao juiz estar arrependido, embora consciente de seu crime, pediu desculpas à Justiça indonésia, e solicitou que não fosse condenado à morte, sob o argumento de que é réu primário nos dois países.
Ao juiz, Moreira afirmou que passava por dificuldades financeira após um acidente em 1997, em Bali, interromper sua carreira em competições. Após cair de um parapente, ele fraturou o fêmur direito, a bacia, o tornozelo esquerdo e rompeu o intestino.
Promotores pediram a pena de morte para Moreira, que levava 13,4 kg de cocaína, e o pagamento de uma multa de US$ 33,3 mil.
Segundo o ministro-conselheiro da embaixada brasileira na Indonésia, José Soares, 57, que acompanha o caso, as estatísticas no país asiático indicam que há pouca possibilidade de o carioca não receber a pena de morte.
Desde 2000, quando foi instituída a nova lei antidrogas na Indonésia, diz Soares, em 24 processos de tráfico de drogas 21 pessoas foram condenadas à morte e outras três pegaram prisão perpétua.
O indulto presidencial, única forma de evitar a execução, é quase impossível, diz Soares. Candidata à reeleição, a presidente Megawati Sukarnoputri, 57, defende a pena de morte e o endurecimento contra o tráfico de drogas.
Na prisão, Moreira, que está em cela especial e sozinho, fala freqüentemente por telefone com a família e amigos no Brasil. Em dez anos, viajou 30 vezes para a Indonésia e morava em Bali por temporadas. É solteiro e não tem filhos. Sua sentença sai em 8 de junho. Por orientação da defesa, não quer falar com a imprensa.


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