São Paulo, domingo, 29 de junho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Setores temem que aumento no custo do frete encareça produtos

DA REPORTAGEM LOCAL

Em meio às preocupações de fabricantes, transportadores e comerciantes de São Paulo antes do início das novas restrições aos caminhões, uma parece ser comum a todos eles: o receio de que o virtual aumento dos custos das entregas seja repassado ao consumidor.
"Para fazer em menos tempo o que faz atualmente em um dia inteiro, o setor vai ter que praticamente dobrar a sua capacidade de entrega. E não é sustentável dobrar a capacidade para continuar fazendo a mesma coisa", diz o consultor Claudio Czapski, superintendente do ECR Brasil (grupo que reúne industriais e varejistas para desenvolver soluções de logística de cargas).
O secretário dos Transportes, Alexandre de Moraes, afirma, porém, que não haverá necessidade de investimento por parte das empresas para se adaptar às novas regras. "Não haverá substituição dos VUCs [por veículos menores]", diz.
Algumas empresas, no entanto, como a Argios, que transporta cargas roupas e sapatos para o varejo, já estão adotando a política. "Tinha 18 vans. No ano passado, com a liberação do VUC [em 24 km2 do centro, no segundo semestre de 2007], vendi metade delas e comprei seis VUCs. Ía me desfazer das outras, mas agora desisti. Vou comprar mais [vans]", disse o diretor, Antonio Archilha.
Para fazer o serviço de dois VUCs, segundo o empresário, são necessárias três vans -os dois tipos de veículo custam em média R$ 90 mil e ocupam o mesmo espaço na via (25 m2 , contra 15 m2 de um carro). Para cada veículo de entrega são necessários três funcionários.
O vice-presidente da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), Roberto Ordine, diz que "há a preocupação" de que o aumento do custo do frete encareça os produtos. "Aí vai haver necessidade de reajuste", diz, embora a associação seja favorável à ação da prefeitura.
Outra preocupação é com o aumento dos custos de manter estabelecimentos abertos à noite, quando as empresas têm que pagar adicional noturno.
A Apas (Associação Paulista de Supermercados) prevê aumento de até 5% nos custos em razão das entregas à noite. Cerca de 66% do faturamento dos supermercados correspondem a produtos não-perecíveis, cujas entregas até a última semana eram feitas durante o dia.
"A gente não é contra mudanças. Mas não concordamos que décadas de descaso com a mobilidade sejam debitadas na conta do setor produtivo de maneira abrupta, atabalhoada. Os supermercados e shoppings terão redes de logística para receber de madrugada. Mas os pequenos comerciantes serão bastante afetados. Pode provocar um pequeno desabastecimento", afirma José Carlos Larocca, da Fecomércio- SP (federação do comércio).
Emerson Kapaz, do Instituto para Desenvolvimento do Varejo, avalia que, entre as atividades mais afetadas, estão a de materiais de construção e a de entregas em domicílio. (RS e AI)


Texto Anterior: Restrição pode incentivar uso do carro
Próximo Texto: Jovem sofre como adulto em delegacia
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.