São Paulo, domingo, 29 de junho de 2008

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Cursos fora da rotina de trabalho atraem paulistanos nas férias

Especialistas dizem que cursos podem ser aliados para encarar tarefas diárias OCIMARA BALMANT
DA REVISTA DA FOLHA

O despertador toca. São 7h de um sábado frio em São Paulo. Tomás Wey, 29, engenheiro de uma empresa de telecomunicações, pula da cama. Em menos de 15 minutos está pronto: calça, camisa, colete, chapéu e maquiagem. Para completar o visual, um nariz de palhaço. Ele não vai ao trabalho. Seu destino é o curso de clown.
Tomás é um dos muitos paulistanos que dedicam horas a atividades sem qualquer relação profissional. A crescente procura pelos cursos livres fez com que até mesmo o mês de julho virasse tempo de estudar. São programas de curta duração para quem busca novas experiências, independentemente da profissão que exerce.
"Desde criança me maquiava como palhaço. Quando vi a possibilidade de brincar com isso, adorei. Mas, claro, não vou largar meu emprego para trabalhar com nada parecido", diz o criador do palhaço Afonso Estafúrcio, nome que incorpora durante as aulas de clown. O "nome artístico" também entra em cena quando Tomás atua como voluntário em um hospital infantil no Morumbi.
Além de servir como um refresco, cursos que fogem da tarefa do dia-a-dia podem ser um importante aliado, inclusive para encarar o trabalho, garantem os especialistas. "O indivíduo gasta muito tempo estudando alguma coisa de âmbito restrito. Ele é, por exemplo, um cirurgião responsável pela artéria coronária esquerda. É normal que sinta falta de outros assuntos", diz o psicólogo Ari Rehfeld, 53, supervisor da Clínica Psicológica da PUC-SP.
É o caso da médica Grasiela Domingues Pessoa, 38. Às quartas, ela sai de casa com mala na mão pronta para encarar 72 horas seguidas de plantão, divididas entre uma maternidade em Interlagos (zona sul) e um hospital em Ermelino Matarazzo (zona leste).
Sábado, a maratona é outra. Quando deixa o hospital, a médica segue para uma escola de música. Grasiela começou no teclado. Hoje, além dele, toca violão. "Aqui, viro outra pessoa. Muda o meu humor. Até minha TPM melhora. Quero até levar o violão para o hospital, para tocar no intervalo entre um atendimento e outro", brinca.
A presença cada vez maior de paulistanos que já estão no mercado de trabalho em cursos livres levou a Escola Arte São Paulo, onde Grasiela estuda, a aumentar o número de unidades. Só no início deste ano, três filiais foram inauguradas. "Cresceu a participação dos pais. Antes, os cursos eram voltados somente para crianças e adolescentes", diz Arsênio Armelin, 48, dono da rede.


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