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Autores de laudo de preso serão investigados
Conselho de medicina abriu sindicância para apurar eventuais infrações éticas de 2 médicos que emitiram laudo de Rosário
SAP afirmou que não tinha conhecimento de denúncias feitas pelo Cremesp sobre falta de condições no hospital de Franco da Rocha
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois psiquiatras que elaboraram laudo sobre a saúde mental
do detento Ademir Oliveira do
Rosário, 36, e a unidade prisional que o abrigava vão ser alvos
de investigação. Rosário, acusado de matar dois irmãos na serra da Cantareira (zona norte de
São Paulo), deve passar por nova perícia médica.
O Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de
São Paulo) abriu ontem sindicância para apurar eventuais
infrações éticas dos dois psiquiatras, que emitiram laudos
em 2005 nos quais apontam
Rosário como detentor de
"transtorno não-específico de
personalidade" e "periculosidade presente".
No laudo, Charles Louis Kiraly e Ricardo Bittencourt Nepomuceno também apontam a
desinternação provisória de
Rosário como "possível", segundo revelou a Folha na edição de ontem.
Em junho de 2006, a juíza
Regiane dos Santos, da 1ª Vara
de Execuções Criminais, autorizou a desinternação provisória. Rosário foi transferido de
Taubaté para Franco da Rocha.
Kiraly também foi um dos
cinco psiquiatras que assinaram um laudo sobre o assassino da estudante Liana Friedenbach, 16, e o namorado dela,
Felipe Caffé, 19, mortos em
2003. O documento, segundo o
Ministério Público, defendia a
liberação do jovem após três
anos de internação na Fundação Casa. Outro laudo atestou a
periculosidade do rapaz, que
foi interditado judicialmente.
O juiz-corregedor dos presídios de São Paulo, Cláudio do
Prado Amaral, defendeu a decisão de Regiane, mas afirmou
que vai abrir um procedimento
para investigar o programa de
desinternação progressiva
aplicado em Franco da Rocha.
Segundo ele, serão avaliadas
as condições de monitoramento dos detentos que passam os
finais de semana em casa. "O
programa de desinternação
provisória é absolutamente necessário. É preciso saber, porém, como ele é executado."
Regiane não quis falar com a
imprensa, segundo a assessoria
do Tribunal de Justiça. O juiz-corregedor disse que não poderia falar sobre os argumentos
de Regiane para tomar a decisão que favoreceu Rosário.
Segundo Amaral, quatro laudos foram feitos para atestar a
saúde mental do preso. Os dois
primeiros apontaram que ele
não tinha problemas mentais e
deveria ser tratado como preso
comum. Os outros dois, feitos
pelos Kiraly e Nepomuceno,
confirmaram a semi-imputabilidade (tem consciência do que
é crime, mas não consegue se
controlar).
A Secretaria da Administração Penitenciária informou
que não tinha conhecimento
das denúncias feitas pelo Cremesp sobre falta de condições
no hospital de Franco da Rocha. A secretaria também afirmou que apura todo o procedimento que resultou na internação de Rosário. A pasta não respondeu aos outros questionamentos feitos pela Folha.
(GILMAR PENTEADO E KLEBER TOMAZ)
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