São Paulo, sábado, 29 de outubro de 2005

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JUVENTUDE ENCARCERADA

Mesmo com os motins, fim do complexo do Tatuapé deve ficar para o próximo governo

Em dia de rebelião, Alckmin diz que vai atrasar desativação

GILMAR PENTEADO
VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O complexo da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor) no Tatuapé, zona leste de São Paulo, voltou a registrar rebelião ontem, mesmo dia em que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) admitiu que a desativação do local vai atrasar e deve ficar para a próxima gestão. Dois funcionários e 12 internos se feriram.
Esse foi o primeiro problema grave no complexo desde a posse da presidente da fundação, Berenice Maria Gianella, em junho passado. Até então, o Tatuapé concentrava as rebeliões da instituição- das 31 ocorridas neste ano, 17 ocorrerem no complexo.
Às 16h30 de ontem, o Tatuapé voltou a viver o mesmo drama. Internos da unidade 17 do circuito grave -presos por roubo e tráfico- tentaram fugir. Logo depois, eles subiram no telhado. A rebelião terminou por volta das 18h30, com a intervenção da Polícia Militar, segundo a Febem.
A assessoria de imprensa da fundação informou que houve confronto. Os dois funcionários foram levados ao hospital -um tinha suspeita de fratura no braço. Os 12 internos, com ferimentos leves, foram atendidos no ambulatório do complexo.
Em março deste ano, Alckmin anunciou que a construção de 41 pequenas unidades, em 150 dias, possibilitaria a desativação do complexo -inicialmente, seriam fechadas 10 das 18 unidades do Tatuapé para possibilitar a construção de um parque.
Ontem, porém, 16 estavam em atividade. O complexo abrigava 1.450 jovens -quando a descentralização foi anunciada, eram 1.200 internos.
Ontem pela manhã, antes da rebelião, Alckmin afirmou que o processo de descentralização poderá não ser concluído até o final de sua gestão e que, por isso, o complexo do Tatuapé não será desativado integralmente.
"Vamos trabalhar para fazer o máximo. Talvez a gente não consiga desativar integralmente o Tatuapé, mas vai diminuir muito. A gente tem de ter conceito de Estado, diminuir o personalismo. Existem ações que começam e terminam dentro do governo. E existem obras que vamos deixar bem encaminhadas", disse.
À noite, depois de ser informado da rebelião, Alckmin foi mais evasivo. "A totalidade [da desativação] depende da conclusão de 40 unidades. Ser for possível, nós vamos procurar fazer tudo até dezembro do ano que vem", disse.


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