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JUVENTUDE ENCARCERADA
Mesmo com os motins, fim do complexo do Tatuapé deve ficar para o próximo governo
Em dia de rebelião, Alckmin diz que vai atrasar desativação
GILMAR PENTEADO
VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O complexo da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do
Menor) no Tatuapé, zona leste de
São Paulo, voltou a registrar rebelião ontem, mesmo dia em que o
governador Geraldo Alckmin
(PSDB) admitiu que a desativação
do local vai atrasar e deve ficar para a próxima gestão. Dois funcionários e 12 internos se feriram.
Esse foi o primeiro problema
grave no complexo desde a posse
da presidente da fundação, Berenice Maria Gianella, em junho
passado. Até então, o Tatuapé
concentrava as rebeliões da instituição- das 31 ocorridas neste
ano, 17 ocorrerem no complexo.
Às 16h30 de ontem, o Tatuapé
voltou a viver o mesmo drama.
Internos da unidade 17 do circuito grave -presos por roubo e tráfico- tentaram fugir. Logo depois, eles subiram no telhado. A
rebelião terminou por volta das
18h30, com a intervenção da Polícia Militar, segundo a Febem.
A assessoria de imprensa da
fundação informou que houve
confronto. Os dois funcionários
foram levados ao hospital -um
tinha suspeita de fratura no braço.
Os 12 internos, com ferimentos leves, foram atendidos no ambulatório do complexo.
Em março deste ano, Alckmin
anunciou que a construção de 41
pequenas unidades, em 150 dias,
possibilitaria a desativação do
complexo -inicialmente, seriam
fechadas 10 das 18 unidades do
Tatuapé para possibilitar a construção de um parque.
Ontem, porém, 16 estavam em
atividade. O complexo abrigava
1.450 jovens -quando a descentralização foi anunciada, eram
1.200 internos.
Ontem pela manhã, antes da rebelião, Alckmin afirmou que o
processo de descentralização poderá não ser concluído até o final
de sua gestão e que, por isso, o
complexo do Tatuapé não será
desativado integralmente.
"Vamos trabalhar para fazer o
máximo. Talvez a gente não consiga desativar integralmente o Tatuapé, mas vai diminuir muito. A
gente tem de ter conceito de Estado, diminuir o personalismo.
Existem ações que começam e
terminam dentro do governo. E
existem obras que vamos deixar
bem encaminhadas", disse.
À noite, depois de ser informado da rebelião, Alckmin foi mais
evasivo. "A totalidade [da desativação] depende da conclusão de
40 unidades. Ser for possível, nós
vamos procurar fazer tudo até dezembro do ano que vem", disse.
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