São Paulo, sábado, 29 de outubro de 2005

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SAÚDE

Novo presidente da Associação Médica Brasileira, Luiz Amaral, quer vestibular mais restrito e mais anos de especialização

Formação de médico é fraca, diz dirigente

FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Do vestibular à especialização, a formação dos médicos no Brasil ainda é insatisfatória, afirma José Luiz Gomes do Amaral, 55, que ontem assumiu a presidência da Associação Médica Brasileira.
Segundo ele, que até quinta-feira desta semana dirigia a Associação Paulista de Medicina, a entidade pressionará o governo para que sejam diminuídas as vagas de cursos e para que avaliações aprofundadas aconteçam durante todo os anos letivos, e não só no último -recentemente o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo fez um primeiro exame com os estudantes.
Outro problema visado, diz o novo presidente, são as transferências de alunos de cursos mais fracos, principalmente de outros países da América Latina, para cursos de excelência do Brasil -o que, afirma, costuma ocorrer a partir do segundo ano das Faculdades de Medicina.
A entidade também está em alerta para os problemas após a graduação. Afirma que muitos programas de residência que estão sendo criados visam a obtenção de mão-de-obra barata para hospitais, e não a formação de bons profissionais.
A AMB, disse ainda Amaral, continuará a lutar pelo aumento do número de anos de residência para os médicos.
"O Brasil ainda tem um nível muito baixo em relação à Europa, onde um especialista nunca tem menos de cinco anos de residência. Aqui, raramente os cursos são superiores a três anos. Não posso aceitar que somos mais rápidos."
Uma das esperanças do novo dirigente é que, a partir do ano que vem, os próprios profissionais busquem o aperfeiçoamento.
Em 2006, começa a valer um sistema de pontuação do conselho federal da classe para que o médico tenha direito a um certificado de que está atualizado. A cada curso ou congresso realizado, ele receberá pontos. Terá de chegar a cem para ter o atestado. O país tem hoje mais de 300 mil médicos. "Meu título, de 78, não é capaz de refletir minha competência atual. Nenhum dos anestésicos daquela época é usado hoje", disse.


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