São Paulo, sexta-feira, 29 de outubro de 2010

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Ato contra "Rodeio das Gordas" pede fim da ditadura da beleza

Protesto no campus de Assis reuniu aproximadamente 200 estudantes que exigem punição aos participantes

Para aluna de história, "rodeio" é "fragmento de pensamento fascista que se dissemina pela universidade"

DANIEL BERGAMASCO
EDITOR-ADJUNTO DE COTIDIANO

Em meio a quase 200 alunos, a maioria mulheres, no campus da Unesp (Universidade Estadual Paulista) em Assis, uma garota leva nas mãos um bebê de plástico e o cartaz com a frase "Ser mulher não é ser uma boneca!".
Outra pintou em sua camiseta: "Abaixo a ditadura da beleza".
O protesto era contra a realização do "Rodeio das Gordas", ocorrido na festa dos jogos InterUnesp 2010.
O "vencedor" era quem mantivesse garota presa nos braços por mais tempo, após dizer a frase "Você é a menina mais gorda que eu já vi na vida!".
Após a manifestação, parte dos alunos passou a tarde aguardando o fim da reunião da Congregação de Alunos, Professores e Funcionários, que durou pouco menos de três horas. Alguns tentavam, do lado de fora da sala, ouvir o que era discutido.
"O movimento de repúdio surgiu assim que soubemos desse "rodeio". São fragmentos de um pensamento fascista que está se disseminando na universidade", afirma Glayce Marina Ferreira, 21, aluna de história.
Para Letícia de Oliveira, 20, que estuda na Unesp de Marília e foi a Assis para o protesto, o fato de o caso ter acontecido em uma universidade pública de prestígio coloca em xeque o conceito de elite de conhecimento.
"Isso só mostra como o vestibular não seleciona qualidade intelectual, mas sim quem pode pagar por uma boa escola, um bom cursinho. Saber matemática não é sinônimo de ter respeito."


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