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RETRATOS DO CÁRCERE
31 dos 33 Centros de Detenção Provisória estão saturados
Desativação de cadeias lota CDPs
FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
O programa de desativação de
cadeias públicas e cárceres dos
distritos policiais promovido pelo
governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin (PSDB), "transferiu" a
superlotação dessas unidades prisionais para os CDPs (Centros de
Detenção Provisória).
Levantamento feito pela Folha
mostra que, no dia 31 de outubro,
dos 33 CDPs paulistas, 31 estavam
superlotados. Na maior parte das unidades (25), a lotação supera em
50% o número de vagas.
As duas exceções são as unidades de Diadema (Grande São Paulo) e Americana. A primeira foi
inaugurada no último dia 17, e só
agora começa a receber presos; a
segunda, que tinha 576 vagas e
349 detentos na última semana, só
deixou a saturação em abril deste
ano, quando virou área exclusiva
para abrigar quem comete atos
graves de indisciplina, como tentativas de fuga e rebeliões.
A superlotação trouxe para os
CDPs um problema comum das
antigas cadeias de SP: rebeliões,
motins e fugas, mais freqüentes
nos últimos meses.
Em 2004, apenas uma rebelião
foi registrada em um CDP. Neste
ano, até o final de outubro, foram
pelo menos nove casos de rebeliões, motins e tentativas de fuga
seguidas pela insurgência dos
presos nessas unidades.
A rebelião mais grave foi em
março, no CDP Pinheiros 1, na capital, justamente um dos mais lotados. A revolta dos detentos,
após tentativa frustrada de fuga,
durou 14 horas e acabou com dois
agentes penitenciários mortos.
Uma vistoria feita depois do fim
da rebelião encontrou drogas, facas, telefones celulares, duas armas e até uma granada nas celas.
O excesso de presos é mais grave nos CDPs de Ribeirão Preto,
Santo André, São José dos Campos e Pinheiros 1 e 2, na capital.
Nesses presídios, a população
carcerária é mais do que o dobro
das vagas disponíveis. Ribeirão
Preto, o de pior situação, conta
com 412 vagas e 997 detentos
(141% a mais que a capacidade).
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