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Ex-interno tem casa
própria em Ribeirão
da Reportagem Local
Pacientes do Hospital Santa Tereza, o Hospital Psiquiátrico de
Ribeirão Preto, estão trocando o
hospício por casas próprias em
bairros da cidade. Três casas populares construídas pelo município já estão ocupadas por um grupo de sete pacientes.
Eles próprios se inscreveram na
fila da casa própria com o dinheiro
que juntaram das pensões que recebem do Estado. Um casal de
ex-pacientes, que se conheceu no
hospital, oficializou o casamento
em outubro do ano passado e está
morando em uma das casas.
Há dois meses, a direção do hospital passou a incentivar os outros
"moradores" do hospital a juntarem suas poupanças para a compra de casas populares em consórcio.
A cooperativa e o consórcio são
a evolução de um processo que começou em 1984, diz o psiquiatra
Alan Kardec Gonzalez, diretor técnico do Santa Tereza. Naquele ano
começaram as primeiras tentativas de desospitalização dos pacientes que não tinham mais razão
para permanecer nas enfermarias.
Em 1987, um grupo de pacientes
passou a ocupar cinco casas construídas dentro do terreno do próprio hospital, que foram chamadas de "lares abrigados". Em
1992, foi aberta a primeira "pensão protegida" fora do hospital.
Com apoio da Secretaria de Estado da Saúde, o Hospital Psiquiátrico (que é público) passou a selecionar e contratar instituições que
pudessem montar as casas e
acompanhar os pacientes. Três casas já estão funcionando nesses
moldes.
Segundo o diretor, cerca de 150
pacientes do Santa Tereza poderiam deixar o hospital e se mudar
para casas na cidade.
"O surpreendente é que não tivemos nenhum problema com os
vizinhos das nossas casas", afirma Gonzalez.
A idéia de contar com casas populares para receber os pacientes
consta da proposta que o Conselho Nacional de Saúde vai examinar esta semana. Por exemplo, cada novo conjunto habitacional deveria reservar um certo número de
casas para os pacientes, já que eles
não têm condições de disputar os
imóveis em nível de igualdade.
Em São Paulo, pelo menos duas
casas já estão ocupadas por pacientes que, em outras circunstâncias, estariam internados.
Uma delas, na Mooca, abriga
três mulheres. A outra, na Bela
Vista, é ocupada por cinco homens. "Nós conversamos com os
proprietários e intermediamos o
aluguel", diz o psiquiatra Jonas
Melman, que preside a Associação
Franco Basaglia. A associação, em
parceria com a Secretaria de Estado da Saúde, mantém o Centro de
Atenção Psicossocial (Caps), da
rua Itapeva, na região central.
(AB)
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