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SAÚDE MENTAL
Imóveis têm TV, fogão, geladeira e telefone
Hospital cria `Vila´
com casa mobiliada
NOELLY RUSSO
da Reportagem Local
O Hospital Psiquiátrico de Santa
Rita do Passa Quatro mantém 52
casas que funcionam como repúblicas e formam uma espécie de
comunidade, onde os doentes podem resgatar sua cidadania.
Ercília Ferreira, Aurora Antunes, Nadir Silveiras e Maria Aparecida Oliveira dividem uma das
casas, localizada em uma área de
dois hectares em volta do hospital
(a 250 km ao norte de São Paulo).
Hoje a instituição mantém seis
repúblicas, onde moram grupos
de quatro a seis pessoas separadas
por sexo e principalmente por afinidade e grau de independência.
O Estado de São Paulo tem hoje
20 mil internos. São 250 hospitais
especializados em todo o país, 60
mil leitos para pacientes crônicos e
uma verba que varia entre R$ 370
milhões e R$ 400 milhões por ano.
Há uma série de outros números
sobre a doença mental no Brasil,
mas todos desimportantes para
essas pessoas, que convivem ao redor do hospital como hóspedes.
As casas, com 90 m2 de área útil,
têm TV, fogão, geladeira, telefone
ligado diretamente ao corpo clínico do hospital, quintal e varanda.
Os moradores ganharam do Estado sofás, camas e até um tanquinho elétrico que centrifuga a roupa que eles mesmos lavam.
Esse foi o último entre os oito
grandes hospitais psiquiátricos de
São Paulo a entrar na reforma de
hospícios e manicômios. Foi projetado na década de 40 para abrigar tuberculosos. Médicos e funcionários moravam nas 52 casas.
Quase uma cidade à parte de
Santa Rita, a área inclui creche,
onde estudam os filhos dos atuais
funcionários, uma clínica, horta e
até um cinema, hoje desativado.
Há cerca de 20 anos, as instalações foram adaptadas para receber
novos pacientes, doentes mentais
transferidos do Juquery (em Franco da Rocha, São Paulo).
Há dois anos, a Secretaria Estadual da Saúde decidiu fechar o
Santa Rita. O quadro era dramático. Os doentes viviam deitados no
chão, sem contato com a realidade. Hoje, dos 450 internos, cerca
de 30 são chamados de hóspedes,
porque vivem em suas próprias
casas e recebem pensão pela deficiência mental ou aposentadoria.
Em dois anos, o hospital mudou.
Celas fortes viraram salas de curativo e o pavilhão principal tem oficinas que ensinam desde culinária
até pintura em tecido.
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