|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Projeto Lar quer expandir repúblicas
da Reportagem Local
A responsável pelo Lar Abrigado
é a psicóloga Vanderléia Vidal. Segundo ela, o objetivo é ocupar o
maior número possível de casas
com pacientes que tenham condições para ter autonomia.
"Mesmo os que já estão instalados em sete casas recebem visitas
da gente pelo menos uma vez por
semana. Eles precisam de alguma
supervisão", diz ela.
Segundo Vanderléia, antes de
entrar no grupo que vai formar a
república, as pessoas recebem
uma série de orientações que vão
desde higiene pessoal até como resolver diferenças.
Umas das primeiras repúblicas
foi formada por quatro mulheres.
Ercília Pereira é a encarregada da
cozinha e conta como "auxiliar"
Maria Aparecida Oliveira, que vai
todos os dias para a oficina de culinária, onde aprende a cozinhar.
A limpeza da casa é divida entre
Ercília, Maria Aparecida, Aurora
Antunes e Nadir Silveira.
Elas se mudaram há quase um
ano e se entendem bem. As eventuais desavenças se referem a preferências divergentes na hora de
ver TV ou na escolha da comida.
Vaidosas, elas fazem a unha toda
a semana com uma manicure. Na
sala, o toque feminino: toalhas de
crochê, bibelôs e flores.
A idade das mulheres varia de 44
anos a 55 anos. Ercília prefere não
revelar a idade, e Maria Aparecida
não se lembra. Elas já estiveram no
Juquery e estão, em média, há
mais de dez anos no hospital.
Quando houve a reforma, logo
ganharam a casa para cuidar. As
repúblicas têm o nome oficial de
moradia abrigada. Quer dizer que
são casas que já estavam no local e
ganharam nova função, a de abrigar os ex-pacientes do hospital.
Esse projeto existe em outros
hospitais psiquiátricos, que também passaram pela reforma.
Clube do Bolinha
Algumas casas adiante da república feminina, moram Bartolomeu Vieira, Messias Rodrigues,
Daniel Lisboa e Lino Rocha.
Eles moram em um lugar muito
parecido com o das mulheres, mas
resgataram a típica república masculina: nada de enfeites, TV ligada
a maior parte do tempo, panelas
em cima do fogão e uma satisfação
com a aparência final.
Na defesa dos "meninos", é
preciso dizer que eles mantêm as
camas arrumadas e procuram não
largar roupas pelo chão, apesar de
a comida deles ser fornecida pelo
hospital.
Eles não se lembram da idade.
Lino se lembra muito pouco da família, mas o hospital está em busca de um suposto irmão dele.
Bartolomeu passou 20 anos no
Juquery e diz ter 29 anos. Ele conta
que, quando criança, fugia da escola para ver o trem, mas não lembra onde. "Eu ia casar, mas aí não
quis mais. O padre caiu no dia do
casamento", conta.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|