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Detran de São Paulo anula multa de conselheiro de trânsito do Cetran
Pontos da carteira de habilitação de Amaury Hernandes caíram de 28 para 12
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Detran de São Paulo retirou 16 dos 28 pontos por multa
da carteira de habilitação do
engenheiro Amaury Hernandes na última sexta-feira, um
dia após sua nomeação pelo governador José Serra (PSDB)
para compor o Cetran (Conselho Estadual de Trânsito), órgão que julga em segunda instância os recursos contra autuações no Estado.
Com mais de 20 pontos, seria
cassada a CNH de Hernandes
-que é secretário de Trânsito
de São José do Rio Preto (SP) e
foi convidado para o Cetran pelo secretário da Casa Civil,
Aloysio Nunes Ferreira, de
quem é aliado político.
O expurgo da pontuação
ocorreu no mesmo dia em que a
Folha revelou que Serra havia
nomeado um conselheiro com
sete multas de trânsito. Hernandes foi notificado pelo Detran no "Diário Oficial" do Estado em 15 de dezembro com
mais 190 motoristas da cidade.
Serra destituiu os integrantes do Cetran depois que o órgão passou a anular as multas
aplicadas pela Prefeitura de SP
por desrespeito ao rodízio, o
que desagradou o prefeito Gilberto Kassab (DEM).
Além de Hernandes, outros 7
dos 14 novos membros do conselho são do PSDB ou têm ligação com a CET (Companhia de
Engenharia de Tráfego) -interessada em manter as multas.
A Secretaria da Segurança
Pública disse que o julgamento
"transcorreu dentro dos tramites e das regras vigentes, que
estabelecem um prazo máximo
de 30 dias para julgamentos
dessa natureza".
Hernandes disse ontem que
entrou com recurso contra as
multas aplicadas em um veículo que ele vendeu e cuja propriedade não foi transferida.
"Apresentei todos os documentos do recurso quando
nem sonhava em ser convidado
para o Cetran. Desde o depósito do dinheiro feito em minha
conta até uma declaração do
comprador, além do leasing
que ele fez", disse.
Especialista em recursos
contra multas, o consultor Wilson Ribeiro, da Gimenez Consultoria, disse ser quase impossível que um motorista consiga
uma resposta rápida para um
recurso, como ocorreu com
Hernandes. "Se você seguir a
lei, fizer tudo certo, não consegue, porque é muita exigência.
Estou com um caso parecido
em que fiz o recurso em dezembro, mas nem responderam ainda", diz.
Para o presidente da Associação dos Despachantes de
Rio Preto, Ricardo Junge Tokoi, há casos em que as Ciretrans (circunscrições regionais
de trânsito) apressam o julgamento para não prejudicar o
motorista. "Quando é motorista profissional, é diferente da
dona-de-casa que usa o carro
uma vez por mês. E uma situação envolvendo autoridade,
também. Poderia ser uma urgência", diz.
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