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MORTALIDADE Taxa de crianças menores de 1 ano mortas na região Norte equivale ao índice registrado no Sul, em 83
Norte do país está 13 anos atrasado, diz estudo
BETINA BERNARDES
da Sucursal de Brasília
O Brasil do Norte está 13 anos
atrasado em relação ao Brasil do
Sul no que se refere à mortalidade
de crianças com menos de 1 ano de
idade. No Norte, a proporção de
mortos dessa faixa etária é equivalente à registrada no Sul em 83.
Do total de pessoas que morreram na região Norte em 96 (dado
mais recente), 15,4% tinham menos de 1 ano. Na região Sul, percentual semelhante (14%) foi verificado em 83 -em 96 já havia sido
reduzido para 6%.
O Cenepi (Centro Nacional de
Epidemiologia, do Ministério da
Saúde) traçou um retrato da mortalidade no país no período de 80 a
96 ao qual a Folha teve acesso com
exclusividade. O trabalho vai servir de base para a elaboração de
políticas de saúde pública.
"Ao longo desses 17 anos, houve
uma progressiva melhora de alguns indicadores de mortalidade,
mas temos um perfil epidemiológico complexo", disse Jarbas Barbosa, diretor do Cenepi.
"Nosso perfil nem é de Primeiro
Mundo, que só se preocupa com
doenças crônicas e degenerativas,
nem de um país da África, que tem
doenças transmissíveis e causas
externas como principal causa de
mortalidade", afirmou.
Em 80, de cada quatro óbitos que
ocorriam no Brasil todo, um era
de criança com menos de 1 ano.
Em 96, essa proporção foi reduzida: uma em cada dez mortes é de
criança nessa faixa etária.
As causas perinatais (relacionadas ao pré-natal, ao parto e à assistência ao recém-nascido) representavam 30% das mortes de menores de 1 ano, em 80. Dezessete
anos depois, elas foram responsáveis por 48,8% das 73,5 mil mortes
ocorridas nessa faixa etária.
Em compensação, as doenças
infecciosas e parasitárias, que em
80 representavam uma em cada
quatro mortes de menores de 1
ano, em 96 passaram a causar um
em cada dez óbitos.
"Isso foi possível com vacinação
em massa, aumento do aleitamento e melhoria do acesso à água tratada. É mais difícil reduzir as causas perinatais porque elas são
muito associadas à qualidade da
assistência médica", diz Barbosa.
"É um sinal para os gestores,
principalmente os municipais
-que estão assumindo o gerenciamento da rede-, de que é preciso investir na melhoria da qualidade do pré-natal", afirmou.
Como a mortalidade entre jovens caiu e as pessoas estão vivendo mais, as neoplasias (cânceres)
assumiram um papel importante
na causa de mortes.
Elas passaram a ser responsáveis
por 11,4% do total, percentual que
era de 8% em 80. O câncer é chamado de "doença de Primeiro
Mundo", onde é uma das principais causas de morte.
"Aqui, porém, nem toda neoplasia é 'doença de Primeiro Mundo',
porque nós temos um peso grande
dos cânceres evitáveis."
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