DA REPORTAGEM LOCAL

Medicamentos à base de citrato de clomifeno são ineficazes para induzir a espermatogênese (produção de espermatozóides) e, em alguns casos, podem piorar o quadro de infertilidade masculina, de acordo com urologistas.
Edson Borges Júnior, presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida, afirma que esse tipo de tratamento deveria ter sido abandonado em 1997, quando o Consenso Brasileiro de Infertilidade Masculina o considerou inútil e orientou os 3.500 urologistas brasileiros a suspenderem a indicação.
O remédio é usado para estimulação ovariana, mas durante muitos anos foi indicado também para estimular a produção espermática. Ainda hoje muitos urologistas e ginecologistas receitam o remédio para homens porque não há nenhuma proibição estabelecida pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Segundo o ginecologista Ricardo Baruffi, embora o consenso tenha considerado que o tratamento com indutores não funciona para homens, a questão é polêmica. "Não há uma verdade universal. Há vários estudos que relatam um aumento do volume espermático depois do seu uso."
A dona-de-casa Silvana (nome fictício), 35, que há quatro anos tenta engravidar, disse que, no início do ano, seu marido tomou Clomid por dois meses por sugestão do ginecologista que a tratava. "Como o espermograma estava ruim [espermatozóides com problemas morfológicos e de motilidade], o médico disse que o Clomid melhoraria a quantidade e a qualidade dos espermatozóides." O tratamento não surtiu efeito.
Segundo Borges Júnior, o tratamento das alterações seminais quase nunca é feito por meio de medicações hormonais. "Isso só deve acontecer quando as taxas hormonais estiverem baixas."
Para o urologista Paulo Neves, os indutores de ovulação são usados erroneamente pelos médicos por falta de informação. "Na maioria das vezes, o único caminho é a reprodução assistida", diz. A técnica chamada ICSI, em que um só espermatozóide é introduzido dentro do óvulo, é a mais indicada nesses casos.


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