São Paulo, quarta-feira, 30 de junho de 2010

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FOCO

Com lei seca, restaurantes ganham clientela "pedestre" na vizinhança

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE SÃO PAULO

Antes da lei seca, o santo de casa não fazia milagre no restaurante Blú Bistrô, em Perdizes (zona oeste), bairro de pouca tradição gastronômica de São Paulo.
Com as restrições ao dirigir depois de beber, há dois anos, a coisa mudou.
O argentino Gastón Damian, dono do bistrô, viu o movimento e o faturamento subirem 40%. Segundo diz, metade dos clientes do restaurante hoje vem a pé. Antes da lei seca eles eram 20%.
"Depois da lei seca, o bairro começou a olhar para dentro. Muita gente nem sabia que havia um restaurante a duas quadras de casa", diz.
A concorrência também aumentou. De olho nos moradores da região, outros quatro estabelecimentos foram abertos nas redondezas.
"A coisa mudou bastante com a lei seca. Se não for a lugar perto de casa tenho de ir de táxi, é uma despesa a mais", diz o juiz de direito Benjamim Simão, vizinho de quadra do Blú Bistrô e que antes ia à Vila Madalena.
"O que aumentou foram os clientes do bairro que vêm a pé. Do ano passado para cá o valet caiu pela metade e mantive o mesmo número de clientes", diz Flávia Mariotto, dona do restaurante Condessa, na Vila Nova Conceição (zona sul). O movimento por lá aumentou em 15%.
No ZZI Luca, na Vila Mariana (zona sul), o dono Lucas Ramos fez as contas e credita o aumento de 20% no movimento à vizinhança.
Na choperia Jenuíno, da mesma família e no mesmo bairro, o aumento dos vizinhos também foi percebido.
"Tenho muito prédios residenciais em volta e muitos moradores são meus clientes fieis agora. As pessoas em São Paulo não têm o hábito de sair a pé no bairro. Ninguém pega o carro para ir ao seu quarteirão, sempre vão a lugares mais longe. Credito esse aumento do movimento à lei seca.
"Com a lei seca não deixei de ir a outros bairros, mas aumentou o número de vezes que saio na Vila Mariana. Indo a pé dá para beber sem preocupação", diz o dentista e vizinho Thomás Vieira.


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