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FOCO
Com lei seca, restaurantes ganham clientela "pedestre" na vizinhança
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE SÃO PAULO
Antes da lei seca, o santo
de casa não fazia milagre no
restaurante Blú Bistrô, em
Perdizes (zona oeste), bairro
de pouca tradição gastronômica de São Paulo.
Com as restrições ao dirigir
depois de beber, há dois
anos, a coisa mudou.
O argentino Gastón Damian, dono do bistrô, viu o
movimento e o faturamento
subirem 40%. Segundo diz,
metade dos clientes do restaurante hoje vem a pé. Antes
da lei seca eles eram 20%.
"Depois da lei seca, o bairro começou a olhar para dentro. Muita gente nem sabia
que havia um restaurante a
duas quadras de casa", diz.
A concorrência também
aumentou. De olho nos moradores da região, outros
quatro estabelecimentos foram abertos nas redondezas.
"A coisa mudou bastante
com a lei seca. Se não for a lugar perto de casa tenho de ir
de táxi, é uma despesa a
mais", diz o juiz de direito
Benjamim Simão, vizinho de
quadra do Blú Bistrô e que
antes ia à Vila Madalena.
"O que aumentou foram os
clientes do bairro que vêm a
pé. Do ano passado para cá o
valet caiu pela metade e
mantive o mesmo número de
clientes", diz Flávia Mariotto, dona do restaurante Condessa, na Vila Nova Conceição (zona sul). O movimento
por lá aumentou em 15%.
No ZZI Luca, na Vila Mariana (zona sul), o dono Lucas
Ramos fez as contas e credita
o aumento de 20% no movimento à vizinhança.
Na choperia Jenuíno, da
mesma família e no mesmo
bairro, o aumento dos vizinhos também foi percebido.
"Tenho muito prédios residenciais em volta e muitos
moradores são meus clientes
fieis agora. As pessoas em
São Paulo não têm o hábito
de sair a pé no bairro. Ninguém pega o carro para ir ao
seu quarteirão, sempre vão a
lugares mais longe. Credito
esse aumento do movimento
à lei seca.
"Com a lei seca não deixei
de ir a outros bairros, mas aumentou o número de vezes
que saio na Vila Mariana. Indo a pé dá para beber sem
preocupação", diz o dentista
e vizinho Thomás Vieira.
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