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SAÚDE / ENDOCRINOLOGIA
Homem brasileiro está mais gordo, diz pesquisa
Sedentarismo influencia mais no excesso de peso do que os alimentos calóricos
Levantamento de hospital, com base nos exames em 4.000 pessoas em cargos de chefia, aponta que 71% deles precisam emagrecer
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Nos últimos 16 anos, os homens brasileiros ficaram mais
gordos. E os homens executivos, mais ainda. Levantamento
feito pelo Hospital Israelita Albert Einstein com 4.000 empresários nos dois últimos anos
aponta que 71% deles está acima do peso, contra 26% das
mulheres executivas.
O levantamento feito no hospital trata de um público específico, mas é o reflexo de um
número que confirma que os
homens estão cada vez mais
gordinhos: em 1989, dentro da
população brasileira acima do
peso, eles eram 28%. Já em
2003, num universo de 38,8
milhões de pessoas com excesso de peso, a população masculina somava 41% (segundo a
Pesquisa de Orçamento Familiar do IBGE).
Contrariando essa tendência, as mulheres praticamente
"estacionaram" nesse período:
em 1989 eram 38% das pessoas
que estava acima do peso. Em
2003, eram 40%.
A principal causa do sobrepeso e conseqüentemente da obesidade é o sedentarismo. "Obesidade e sedentarismo estão intimamente ligados. Sem praticar atividades físicas, a energia
que deveria ser consumida fica
depositada no organismo em
forma de gordura", explicou o
médico José Antônio Maluf
Carvalho, responsável pelo levantamento e coordenador do
Centro de Medicina Preventiva
do Hospital Albert Einstein.
Do total de executivos avaliados, 76% são sedentários ou
pouco ativos -não cumprem as
metas de atividade física preconizadas internacionalmente
(30 minutos diários pelo menos). Por conta disso, afirma
Carvalho, o sedentarismo influencia mais no excesso de peso do que a opção por alimentos
calóricos ou não-saudáveis.
"Os executivos não conseguem cumprir o mínimo de
exercícios recomendados. A
gordura fica depositada no abdome, o que aumenta o risco de
problemas cardiovasculares."
A falta de tempo e o grande
número de negócios feitos em
restaurantes são algumas das
"desculpas" dos executivos para justificar o sedentarismo e
explicar o aumento de peso.
"Isso não é justificativa. Se o
executivo fizer mais atividades
não-programadas, como subir
de escada no escritório, ir a pé
até a padaria, andar mais de
ônibus, e evitar comer comidas
muito gordurosas, por exemplo, ele estará contribuindo para a queima de calorias", disse
Bruno Geloneze, pesquisador
do Departamento de Endocrinologia da Unicamp.
Ansiedade, hipertensão, tabagismo, colesterol, triglicérides e presença de gordura no fígado também são fatores de risco importantes que foram
identificados nos executivos.
O principal desafio é fazer os
executivos, em especial os homens, entenderem que esses
fatores trazem riscos à saúde.
"É muito difícil reverter esse
quadro sem que haja uma mudança de hábitos de maneira
geral. O Brasil está alcançando
o número de obesos dos Estados Unidos", disse Rosana Radominski, vice-presidente da
Abeso (Associação Brasileira
para o Estudo da Obesidade).
Marisa Helena César Coral,
presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, também enfatiza a necessidade de
mudança no estilo de vida. "Os
hábitos da vida moderna estão
nos fazendo engordar. É preciso mudar isso urgentemente."
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