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Governo afrouxa prazo para radar na Régis
Rodovias federais concedidas à iniciativa privada ganham pedágio, mas ficam sem nova fiscalização da velocidade
Contrato exigia instalação
de controle eletrônico pelas
concessionárias, mas prazo
foi suspenso pela agência
de transportes terrestres
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao mesmo tempo em que
prevê uma expansão recorde de
radares nas estradas federais
sob controle público, a gestão
Lula (PT) permitiu a fragilidade da fiscalização eletrônica
dos infratores em alguns dos
principais corredores rodoviários do país, como na Fernão
Dias e na Régis Bittencourt.
Essas rodovias totalizam
2.600 km de pistas e estão sob
comando da iniciativa privada
há cerca de um ano e meio.
A ANTT (Agência Nacional
de Transportes Terrestres) autorizou as empresas a cobrar
pedágio, mas suspendeu, por
tempo indeterminado, os prazos contratuais para que elas
implantassem os radares de
controle de velocidade.
Na Fernão Dias, ligação entre
São Paulo e Minas, a obrigação
da OHL era fornecer 45 equipamentos. Na Régis Bittencourt,
constantemente chamada de
"rodovia da morte" por conta
do número de acidentes graves,
a exigência era de 34 radares.
Os aparelhos tinham que ser
implantados antes do fim do
primeiro ano de contrato. O
prazo expirou no começo de
2009, porém nada foi instalado.
Ao analisar os contratos, a
Folha identificou 177 equipamentos de fiscalização da velocidade exigidos no país inteiro
e que não foram instalados.
A ANTT afirma que a decisão
de suspender temporariamente os prazos foi sua, pela avaliação de que "os equipamentos
previstos nos contratos" -firmados no final de 2007- "são
ultrapassados" (leia abaixo).
Enquanto isso, estradas federais sob controle privado e com
praças de pedágio permanecem
com fiscalização precária de
controle da velocidade (a Dutra
é uma exceção e tem 25 pontos
com radares porque foi concedida na década de 90).
As lombadas eletrônicas que
elas tinham quando estavam a
cargo do Dnit (departamento
federal) estão desativadas.
O único monitoramento do
excesso de velocidade se dá pela Polícia Rodoviária Federal,
cuja estrutura deixa a desejar
(tem só 70 radares móveis no
país inteiro e 400 aparelhos
portáteis, do tipo pistola, que
são obsoletos e muitos dos
quais estão quebrados).
"Essa situação, para mim, é
um crime. Essas rodovias são as
que têm maior volume de tráfego e grande índice de acidentes.
Teriam que ser as primeiras a
receber fiscalização severa. Afinal, elas cobram pedágio", diz
Horácio Augusto Figueira,
mestre em engenharia de
transportes pela USP.
Figueira lembra que os riscos
são agravados porque a melhoria das pistas após a concessão
estimula a alta velocidade.
O especialista aprova a expansão dos radares nas demais
estradas, mas faz uma ressalva.
"O radar é um instrumento auxiliar, mas em hipótese alguma
substitui a fiscalização humana", afirma.
Nos últimos dois anos, a Polícia Rodoviária Federal perdeu
quase 15% de seu efetivo.
Técnicos dizem que, sem haver policiais para parar e
apreender os veículos irregulares, os radares têm seu efeito limitado. Isso porque a frota
clandestina (que acumula dívidas de licenciamento, IPVA e
multas), que é estimada em até
um terço do total, continua a
circular, a cometer infrações e
sem ser punida.
(ALENCAR IZIDORO)
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