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Criação de lei federal divide a opinião de especialistas
Ex-presidente do IBGE diz que lei prejudica autonomia universitária
Apesar de não haver dados consolidados, cotistas da Uerj e UFPR têm notas semelhantes às dos demais alunos
DO RIO
DE CURITIBA
O fato de a maioria das
universidades com ações
afirmativas adotar a prática
por iniciativa própria divide
especialistas sobre a necessidade de uma lei federal.
Para Simon Schwartzman,
ex-presidente do IBGE e pesquisador do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade no RJ, uma lei federal é
desnecessária e desrespeita a
autonomia universitária.
"É melhor ver isto acontecer por um movimento espontâneo do que por uma lei
que obrigue todas a adotarem um critério que coloque
uma camisa de força", diz.
Já Renato Ferreira, gerente
de projetos da Secretaria de
Políticas de Promoção da
Igualdade Racial, defende
uma lei por entender que, em
algumas universidades, os
critérios ainda são tímidos.
"Sem uma lei que regule o
tema, demoraremos muito
mais tempo para promover a
igualdade que desejamos."
BENEFICIADOS
Como a maioria adotou cotas ou bônus há menos de
quatro anos, não há dados
consolidados sobre o desempenho dos beneficiados.
Na Uerj, uma avaliação
mostrou que os alunos cotistas têm menor evasão e notas
semelhantes aos demais na
maioria dos cursos.
Na UFPR (Universidade
Federal do Paraná), estudantes negros e oriundos de escolas públicas têm conseguido, na média, o mesmo rendimento nas avaliações que
os outros universitários.
O sistema de cotas na
UFPR, aprovado em 2003 por
iniciativa da própria instituição, tem 8.000 beneficiados
num total de 22 mil alunos.
Para o professor Paulo Vinícius Batista da Silva, coordenador do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da
UFPR, ainda há desafios a serem superados. "Os cotistas
são alvos de desconfiança."
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