São Paulo, domingo, 30 de setembro de 2001

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EDUCAÇÃO

Especialistas responsabilizam poder público pela falta de espaço para escolas e defendem a remoção de pessoas da periferia

Para urbanistas, desapropriação é a saída

DA REPORTAGEM LOCAL

Urbanistas ouvidos pela Folha responsabilizam o próprio poder público pela falta de espaço para a construção de escolas em São Paulo. A solução, para eles, é a desapropriação de terrenos na periferia e a sua reorganização.
"É preciso remover algumas pessoas -prevendo casas para elas- e criar espaços, por exemplo, nas áreas de manancial", diz o urbanista Ary Albano. Para ele, o novo Plano Diretor e a Lei de Zoneamento têm de levar esse problema em conta.
Cândido Malta Campos Filho, urbanista e professor da USP (Universidade de São Paulo), diz que, de modo geral, a grande maioria dos loteamentos dessas regiões foi invadida, mas, "fazendo um pente fino" bairro a bairro, ainda é possível encontrar terrenos. "Têm de ser garimpados."
De acordo com ele, existem muitas concessões de uso que acabam tendo sua finalidade desviada e podem ser revistas (clubes, entidades beneficentes etc.).
O professor de história da arquitetura da FAU/USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) Carlos Lemos diz que o fenômeno é normal nas grandes cidades. "Onde há concentração de pessoas, há concentração de construções, e não sobram terrenos", afirma Lemos. "Para resolver, só desapropriando."
Na opinião do professor, a cidade de São Paulo vai continuar crescendo desordenadamente. "E a culpa é da própria prefeitura, que deixa as pessoas invadirem os terrenos", afirma.

Lote Legal
O programa Lote Legal, da Secretaria da Habitação e Desenvolvimento Urbano, é uma das esperanças que a Secretaria Municipal de Educação tem para poder viabilizar a construção de novas escolas em São Paulo.
Um total de 67 loteamentos clandestinos irão receber obras de urbanização -como redes de água e esgoto, tratamento de áreas de risco, pavimentação de ruas e iluminação pública- que permitirão a regularização dessas áreas; 30 foram destinados à Secretaria Municipal da Educação.
Os recursos para as obras sairão do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
(RENATA DE GÁSPARI VALDEJÃO)


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