São Paulo, sábado, 30 de outubro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VIOLÊNCIA

Edifício fica próximo a favela dominada por traficantes, que atiraram quando policiais tentaram subir o morro

Prédio é atingido por 51 tiros de fuzil no Rio

Marco Antonio Cavalcanti/Agência O Globo
Janela atingida por tiro de fuzil em prédio no Grajaú (zona norte do Rio); cinco apartamentos estão desabitados por causa do medo da violência, segundo a síndica do edifício

TALITA FIGUEIREDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Pelo menos 51 tiros de fuzil atingiram a fachada de um prédio no Grajaú, localizado em frente a um dos acessos ao morro dos Macacos, na zona norte do Rio, em um tiroteio entre policiais militares e traficantes ontem de manhã. Outros tiros atingiram a janela de pelo menos três apartamentos, além da porta de vidro da entrada e a parede de mármore do hall. Nenhum morador ficou ferido.
O condomínio está determinado a acionar judicialmente o Estado. Na barbearia ao lado do prédio, havia pelo menos 19 perfurações ontem. O dono do local as tapou com cimento ontem mesmo.
O prédio número 265 da rua Visconde de Santa Isabel fica na linha de tiro sempre que a polícia entra em confronto com traficantes no acesso do morro pela rua Almirante Albuquerque. O edifício tem sete andares e três apartamentos de 62 m2 por andar, além da cobertura. Os imóveis têm dois quartos, dependência de empregada, banheiro, sala e cozinha. O Grajaú é um bairro de classe média do subúrbio carioca.
Segundo a síndica, Ana Carla Nascimento, 33, a porta de vidro foi trocada três vezes no último ano -custo superior a R$ 6.000. "Vamos entrar com um ação por danos morais e materiais contra o Estado, já que os policiais ficam no meio da rua atirando para o morro e acabamos ficando na linha de tiro. Tem morador que fica horas abaixado em casa quando ouve os tiros."
A síndica disse ainda que há cinco apartamentos vazios. Ela afirmou que o último imóvel foi negociado a R$ 30 mil, mas seu valor real seria de R$ 80 mil.
O prédio ao lado recebeu cerca de dez tiros. Há um mês no local, Sônia Damasceno, 40, disse que já quer se mudar. "Acabei de trazer minha mudança, mas quero sair daqui de qualquer jeito."
O tiroteio começou quando 25 PMs do 6º BPM (Batalhão de Polícia Militar) deram início a uma operação contra o tráfico de drogas no morro. Dois supostos traficantes foram feridos.
Os policiais subiram o morro simultaneamente por três entradas. Em todas foram recebidos a tiros. Segundo o tenente Alan Luna, que comandou a operação, os criminosos estavam armados com diferentes tipos de fuzil. O tráfico no local é comandado pela facção ADA (Amigo dos Amigos).


Texto Anterior: Morte inexplicada: Médicos do caso Cássia Eller são denunciados
Próximo Texto: Argentina: Para ministro, SP é mau exemplo em segurança
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.