São Paulo, terça-feira, 30 de outubro de 2007

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"Execração pública" é injustificada, diz d. Odilo

DA REPORTAGEM LOCAL

O arcebispo de São Paulo, d. Odilo Scherer, 58, voltou a defender o padre Júlio Lancelotti ontem e disse "sofrer" com ele neste momento. "Eu sofro com o padre Júlio porque é a imagem de um padre e, com ele, a imagem da igreja que está sendo colocada à execração pública e de maneira assim muito injustificada", afirmou.
De acordo com ele, não houve nenhuma decisão da arquidiocese de afastar Lancelotti de suas atividades. Faz duas semanas que ele não celebra missas na igreja São Miguel Arcanjo, na Mooca (zona leste).
"A questão que está no ar está toda muito nebulosa, as acusações contra ele estão longe de serem demonstradas e o inquérito está em andamento."
Ele ressalta, entretanto, que entende a decisão do padre de se afastar neste período de turbulência. "Eu posso compreender muito bem que o padre Júlio, com toda essa pressão sobre ele, não tem se sentido muito à vontade de estar celebrando as missas na paróquia dele."
Questionado se o caso será apurado também pela igreja, o arcebispo disse que, quando necessário, o Tribunal Eclesiástico é acionado, o que não foi feito porque a igreja aguarda a investigação policial.
"Evidentemente, nós estamos acompanhando as investigações e a gente continua a confiar no trabalho da Justiça e que a verdade apareça e a justiça seja feita", afirmou.
Além de uma nota à imprensa de solidariedade ao padre, a página da arquidiocese de São Paulo apresenta uma moção de apoio a Lancelotti elaborada durante a Assembléia das Igrejas do Regional Sul 1 e assinada também por d. Odilo.
O grupo diz estar solidário ao padre "diante de mais este momento de provação e sofrimento pelo qual está passando, como conseqüência do trabalho evangelizador que há décadas realiza junto aos mais pobres: população de rua, internos e ex-internos da antiga Febem, pastoral do menor, casas Vida".
Segundo o texto, "muitos aprenderam com o padre Júlio a recomeçar a vida e encarar o futuro com dignidade".
Na opinião de d. Odilo, decretar sigilo de Justiça "não resolveria nada". Ele afirmou que não houve pedido nesse sentido por parte da igreja ou do padre Júlio e que isso dependerá do advogado que assumiu a defesa de Lancelotti, se ele "achar por bem fazê-lo". (AFRA BALAZINA)


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