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"Execração pública" é injustificada, diz d. Odilo
DA REPORTAGEM LOCAL
O arcebispo de São Paulo, d.
Odilo Scherer, 58, voltou a defender o padre Júlio Lancelotti
ontem e disse "sofrer" com ele
neste momento. "Eu sofro com
o padre Júlio porque é a imagem de um padre e, com ele, a
imagem da igreja que está sendo colocada à execração pública e de maneira assim muito injustificada", afirmou.
De acordo com ele, não houve nenhuma decisão da arquidiocese de afastar Lancelotti de
suas atividades. Faz duas semanas que ele não celebra missas
na igreja São Miguel Arcanjo,
na Mooca (zona leste).
"A questão que está no ar está
toda muito nebulosa, as acusações contra ele estão longe de
serem demonstradas e o inquérito está em andamento."
Ele ressalta, entretanto, que
entende a decisão do padre de
se afastar neste período de turbulência. "Eu posso compreender muito bem que o padre Júlio, com toda essa pressão sobre
ele, não tem se sentido muito à
vontade de estar celebrando as
missas na paróquia dele."
Questionado se o caso será
apurado também pela igreja, o
arcebispo disse que, quando
necessário, o Tribunal Eclesiástico é acionado, o que não
foi feito porque a igreja aguarda
a investigação policial.
"Evidentemente, nós estamos acompanhando as investigações e a gente continua a confiar no trabalho da Justiça e que
a verdade apareça e a justiça seja feita", afirmou.
Além de uma nota à imprensa de solidariedade ao padre, a
página da arquidiocese de São
Paulo apresenta uma moção de
apoio a Lancelotti elaborada
durante a Assembléia das Igrejas do Regional Sul 1 e assinada
também por d. Odilo.
O grupo diz estar solidário ao
padre "diante de mais este momento de provação e sofrimento pelo qual está passando, como conseqüência do trabalho
evangelizador que há décadas
realiza junto aos mais pobres:
população de rua, internos e
ex-internos da antiga Febem,
pastoral do menor, casas Vida".
Segundo o texto, "muitos
aprenderam com o padre Júlio
a recomeçar a vida e encarar o
futuro com dignidade".
Na opinião de d. Odilo, decretar sigilo de Justiça "não resolveria nada". Ele afirmou que
não houve pedido nesse sentido por parte da igreja ou do padre Júlio e que isso dependerá
do advogado que assumiu a defesa de Lancelotti, se ele "achar
por bem fazê-lo".
(AFRA BALAZINA)
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