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TRÂNSITO
Para órgão, infrações causam inadimplência no pagamento do IPVA; Prefeitura de Manaus já teve prejuízo de R$ 5 milhões
Detran-AM não registra multas há 13 meses
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
Há 13 meses, o Detran (Departamento Estadual de Trânsito) do
Amazonas não insere no sistema
de cobrança para o licenciamento
de veículos as multas emitidas pelos radares eletrônicos. A decisão,
que partiu do diretor do órgão,
Jayth Chaves, já provocou um
prejuízo de R$ 5 milhões para a
EMTU (Empresa Municipal de
Transportes Urbanos) da Prefeitura de Manaus.
A medida não teve portaria baixada e foi comunicada à EMTU
por um ofício. O diretor Chaves
não concorda com as multas dos
radares alegando que elas não são
educativas e provocaram inadimplência no pagamento do IPVA
(Imposto sobre Propriedade de
Veículos Automotores), que é arrecadado pelo governo do Estado.
"Era impossível continuar convivendo com essa situação [inadimplência no pagamento do imposto]. Então eu decidi não cobrar mais as multas do município
no licenciamento. Elas são uma
agressão aos motoristas, que não
têm sequer o direito de defesa",
afirma o diretor.
De acordo com o inciso 2º do artigo 131 do Código de Trânsito
Brasileiro, o veículo é considerado licenciado pelos Detrans quando o proprietário quita os débitos
relativos a tributos, encargos e
multas de trânsito e ambientais.
Com o dinheiro arrecadado
com as multas, a EMTU custeia a
sinalização e a manutenção das
vias públicas e paga o salário dos
200 agentes de trânsito, além dos
custos com a empresa que monitora a operação dos radares.
"O Detran não exige nem o "nada consta" dos veículos no momento do licenciamento, o que é
uma determinação da legislação",
afirma Pedro Carvalho, diretor da
EMTU. A empresa municipal já
ingressou com ações judiciais
contra a medida adotada pelo diretor do Detran, mas não conseguiu reverter a decisão de Chaves.
Remuneração
A empresa cearense Fotossensores Tecnologia Eletrônica instalou os radares em novembro de
2000 -antes, portanto, da resolução 141 do Contran (Conselho
Nacional de Trânsito), publicada
em 16 de outubro deste ano, que
proibiu o pagamento das empresas por percentual de multa registrada pelos radares.
A Fotossensores recebia um
percentual sobre cada multa aplicada pelos radares, gerando uma
arrecadação que variava de R$ 35
a R$ 39 por infração. No novo
contrato, firmado por causa da
portaria, a empresa passará a receber R$ 3.750 por mês pela manutenção de cada radar, de acordo com a EMTU.
A Fotossensores instalou em
Manaus 40 radares. De janeiro a
25 de novembro deste ano, a empresa registrou 55.033 multas. Segundo a EMTU, somente 85% delas foram pagas. Na cidade circulam 255 mil veículos.
Segundo Carvalho, depois que o
Detran passou a não cobrar as
multas, aumentou o número de
carros com placas frias na cidade.
Foram identificados 23.593 veículos pelos radares.
O veículo campeão de multas,
com 665 ocorrências registradas,
tem placa fria -não está registrado no Detran.
O diretor da EMTU disse também que cresceu o número de acidentes com mortes: 170 de janeiro
a outubro de 2001, contra 145 no
mesmo período deste ano.
Para o diretor do Detran, "o número de acidentes aumentou,
mas não porque o órgão não cobra a multa". "O radar não é educativo, o radar é só punitivo", afirmou Jayth Chaves.
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