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PF apura ligação de gabinete de deputado a celular de preso
Mulher não-identificada ligou do gabinete do deputado federal Talmir Rodrigues (PV-SP)
Assessoria do parlamentar afirma que a ligação não foi feita por funcionários; Corregedoria da Câmara deve investigar o caso
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal tenta identificar quem é a mulher que, no
início deste mês, usou o telefone instalado no gabinete do deputado federal Talmir Rodrigues (PV-SP), na Câmara dos
Deputados, em Brasília, para
falar com Elmo Cerqueira dos
Santos, o Elemento, acusado de
integrar o PCC (Primeiro Comando da Capital) e que está na
Penitenciária de Valparaíso
(577 km de São Paulo).
A informação sobre o contato
telefônico foi obtida a partir de
investigação sobre tráfico de
drogas desenvolvida pelo Gaerco (Grupo de Atuação Especial
Regional de Repressão ao Crime Organizado) do Ministério
Público de Campinas e que tinha Santos -preso por roubo e
receptação- como alvo.
Na última segunda-feira, o
Gaerco de Campinas informou
três setores da Polícia Federal,
Procuradoria Geral da República, Procuradoria Geral de Justiça e Polícia Civil de São Paulo
sobre a ligação.
O deputado Rodrigues, integrante da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Sistema Carcerário, viajou quarta-feira para Bruxelas (Bélgica) e
não foi encontrado pela Folha.
Segundo uma de suas assessoras parlamentares, Josiane
Lanzarin Spengler, a ligação
não foi realizada por nenhum
dos funcionários do gabinete
do parlamentar, mas, sim, por
alguém que teve autorização
para usar o telefone.
O contato telefônico que partiu do gabinete do deputado,
pelo que constatou o Gaerco,
tinha como objetivo tratar de
assuntos relacionados à manifestação que parentes de presos de São Paulo promoveram
quarta-feira em Brasília.
Até agora, duas conversas telefônicas que partiram do gabinete foram reveladas. Em uma,
a mulher diz ao detento Santos
que fala "do gabinete"; na outra, um preso ainda não identificado também fala com a mulher sobre os 36 ônibus que levaram os parentes de detentos
para a passeata em Brasília.
A manifestação teve o apoio
do deputado e tinha como objetivo cobrar o cumprimento
da Lei de Execuções Penais e a
conseqüente melhora nas condições dos 144 presídios paulistas, quase todos superlotados.
Oficialmente, a passeata foi
organizada por uma ONG de
Presidente Prudente (565 km
de SP), onde Rodrigues tem sua
base eleitoral.
"O que não é possível, em tese, é admitir que os poderes
constituídos se sirvam dos instrumentos que eles possuem
para favorecer essa famigerada
organização criminosa. Isso
precisa ser apurado. Até para
saber se há ou não essa relação
promíscua", afirmou o promotor Fernando Vianna Neto.
Corregedoria da Câmara
A Câmara dos Deputados deve investigar o caso. "Não vamos deixar isso impune", disse
o corregedor da Câmara, Inocêncio Oliveira (PR-PE). Para
que o caso seja investigado, é
preciso uma autorização da
Mesa Diretora. Inocêncio diz
que irá conversar com o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), para que isso
ocorra o mais rápido possível.
"O sistema carcerário já está
nessa situação ruim e um deputado vem e faz esse tipo de coisa? Ele tem que se explicar."
Colaborou FÁBIO ZANINI, da Sucursal de Brasília
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