São Paulo, domingo, 30 de dezembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Invasão estrangeira provoca especulação imobiliária em Jeri

DA AGÊNCIA FOLHA, EM JERICOACOARA

A invasão estrangeira em Jericoacoara gerou uma série de mudanças na vila, antes sem iluminação nem grandes empreendimentos, e hoje com internet rápida, telefonia celular e hotéis de luxo. A procura dos estrangeiros por locais para abrir negócio fez com que os preços inflacionassem.
Com a especulação imobiliária, pequenos terrenos e casas mais próximas da praia hoje são avaliados em "milhão" ou centenas de mil euros. Por outro lado, nativos foram para a periferia e alguns se amontoam em pequenas favelas.
Para viver e trabalhar lá é necessário pagar caro. Guia turístico desde os 12 anos, Manuel Vanaldo Ferreira, 17, decidiu morar em Jeri, de onde levava os turistas para a sede de Jijoca, a uma distância de 22 km de areia. Desistiu por causa do aluguel. "Agora, moro em Acaraú [município próximo], e pago R$ 100 de aluguel. Em Jeri, numa casa pior, pagava R$ 500."
Há 28 anos em Jericoacoara, o comerciante Domingos Marques Vieira Neto, 55, decidiu vender seus imóveis. "Não queria, mas não tenho como sustentar a manutenção disso." Em negociação com um italiano e um suíço, já recebeu oferta de R$ 650 mil por um casarão.
Atraída por tanta riqueza, Maria Souza dos Santos, 34, deixou há quatro anos Camocim, vizinha a Jeri, e foi com dois filhos para a vila para tentar melhorar de vida. Limpa uma pousada e ganha R$ 150 por mês, valor complementado pelo Bolsa Família. Vive numa casa de palha, com piso de areia e sem eletrodomésticos, mas diz gostar de Jeri. "É onde trabalho, onde ganho o sustento dos meus filhos." As crianças ainda não conheceram a praia.


Texto Anterior: Apesar de hotéis de luxo, vila tem problemas de infra-estrutura
Próximo Texto: Bandidos desenterram da areia chaves de surfistas e levam o carro
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.