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Invasão estrangeira provoca especulação imobiliária em Jeri
DA AGÊNCIA FOLHA, EM JERICOACOARA
A invasão estrangeira em Jericoacoara gerou uma série de
mudanças na vila, antes sem
iluminação nem grandes empreendimentos, e hoje com internet rápida, telefonia celular
e hotéis de luxo. A procura dos
estrangeiros por locais para
abrir negócio fez com que os
preços inflacionassem.
Com a especulação imobiliária, pequenos terrenos e casas
mais próximas da praia hoje
são avaliados em "milhão" ou
centenas de mil euros. Por outro lado, nativos foram para a
periferia e alguns se amontoam
em pequenas favelas.
Para viver e trabalhar lá é necessário pagar caro. Guia turístico desde os 12 anos, Manuel
Vanaldo Ferreira, 17, decidiu
morar em Jeri, de onde levava
os turistas para a sede de Jijoca,
a uma distância de 22 km de
areia. Desistiu por causa do aluguel. "Agora, moro em Acaraú
[município próximo], e pago R$
100 de aluguel. Em Jeri, numa
casa pior, pagava R$ 500."
Há 28 anos em Jericoacoara,
o comerciante Domingos Marques Vieira Neto, 55, decidiu
vender seus imóveis. "Não queria, mas não tenho como sustentar a manutenção disso."
Em negociação com um italiano e um suíço, já recebeu oferta
de R$ 650 mil por um casarão.
Atraída por tanta riqueza,
Maria Souza dos Santos, 34,
deixou há quatro anos Camocim, vizinha a Jeri, e foi com
dois filhos para a vila para tentar melhorar de vida. Limpa
uma pousada e ganha R$ 150
por mês, valor complementado
pelo Bolsa Família. Vive numa
casa de palha, com piso de areia
e sem eletrodomésticos, mas
diz gostar de Jeri. "É onde trabalho, onde ganho o sustento
dos meus filhos." As crianças
ainda não conheceram a praia.
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