São Paulo, quarta-feira, 31 de janeiro de 2001

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ADMINISTRAÇÃO

Após reunião com secretários, prefeita diz que terá R$ 160 mi neste ano para aplicar em projetos sociais

Marta promete criar 100 mil empregos

JOÃO CARLOS SILVA
ALENCAR IZIDORO

DA REPORTAGEM LOCAL

A prefeita Marta Suplicy (PT) adotou ontem o discurso político mais agressivo desde a sua posse, culpou o governo federal pelo desemprego existente na cidade, e, coincidentemente, anunciou que seus projetos sociais gerarão 100 mil postos de trabalho na cidade ainda este ano, inclusive para moradores de rua.
A promessa de vagas corresponde a quase 70% do total de novos empregos gerados em 2000 por toda a economia paulistana. Segundo a Fundação Seade, no ano passado, foram empregados 145 mil trabalhadores a mais do que nos 12 meses anteriores.
A implantação de programas sociais foi, ontem, o principal tema da primeira reunião da prefeita com todo o seu secretariado.
Pela avaliação de Marta, o balanço de seu primeiro mês no comando da prefeitura é positivo. "Minha avaliação é que estamos dando continuidade às nossas propostas de campanha, que eram principalmente os projetos sociais", disse a prefeita durante um intervalo da reunião.
Em sua entrevista, a petista reagiu duramente às declarações do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) envolvendo as promessas de campanha que ela fez (leia texto nesta página).
Os ataques de Marta ocorreram após ela ter proposto, no terceiro dia de seu mandato, firmar parcerias com o governo federal para implantar na cidade o Programa de Renda Mínima.
Até agora, não houve uma resposta definitiva sobre a proposta, mas declarações do presidente dão a entender que elas não deverão se concretizar brevemente.
O Renda Mínima prevê complementação de rendimentos de famílias carentes que tenham filhos na escola. Pelo que Marta afirmou ontem, o projeto será implantado na cidade com ou sem ajuda dos governos estadual e federal.
Além do Renda Mínima, também sairão do papel neste ano os projetos Banco do Povo, Começar de Novo e o Bolsa-Trabalho.
Ao todo, serão investidos perto de 2% do Orçamento de R$ 8,1 bilhões para este ano (R$ 160 milhões) nos programas, segundo a prefeita Marta Suplicy.
O secretário das Finanças, João Sayad, havia dito neste mês que, diante da situação financeira da prefeitura, só seria possível investir R$ 60 milhões neste ano em projetos sociais.
Pelas metas anunciadas por Marta, a prioridade será a complementação de renda de famílias carentes, que deverá ter lei regulamentada em março.
Pelo cronograma, os pagamentos de benefícios começarão em março ou abril. A meta é atender 50 mil famílias no primeiro ano, começando pelas que têm rendimento "per capita" abaixo de um salário mínimo (R$ 151).
Segundo um estudo da Fundação Seade, 309 mil famílias têm renda inferior a três salários mínimos em São Paulo e podem ser beneficiadas pelo projeto. A meta de Marta é chegar a 100% de atendimento em quatro anos.
Com a implantação de um outro projeto, o Banco do Povo, a prefeitura prevê que serão firmados neste ano mais de 5.000 contratos de pequeno crédito (o valor não foi divulgado).
A prefeita também prometeu atender mais de 100 mil pessoas com crédito médio de R$ 2.000. No total, a avaliação é que os projetos sociais, em conjunto, gerarão 100 mil novos postos de trabalho na cidade.
A meta de implantação de programas sociais anunciada pela prefeita surpreendeu o seu coordenador de projetos sociais, Márcio Pochmann.
O economista afirmou que o investimento estimado nos programas sociais ainda é resultado de "simulações".


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