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Polícia matou 77% mais no "ano do PCC"
Foram 533 civis mortos em confronto em 2006, ante 300 no ano anterior, segundo as estatísticas do governo estadual
Secretaria de Segurança Pública diz que crescimento foi tão alto porque números de 2005 foram os mais baixos dos últimos anos
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
No ano em que o PCC (Primeiro Comando da Capital)
promoveu três ondas de violência em São Paulo, a polícia paulista matou 533 pessoas somente em supostos casos de
confronto. Uma letalidade
77,6% maior do que em 2005,
quando houve 300 mortos.
As mortes de civis no ano
passado, durante o governo de
Cláudio Lembo (PFL), cresceram mesmo em períodos em
que não houve atentados -os
ataques ocorreram em maio,
julho e agosto -, segundo estatísticas da Secretaria da Segurança Pública.
No último trimestre de 2006
(de outubro a dezembro), 82
pessoas foram mortas pela polícia em supostos confrontos,
46% mais do que no mesmo período do ano anterior.
O número de policiais mortos em supostos casos de resistência também cresceu. Foram
38 em serviço -uma proporção
de um policial por grupo de 14
suspeitos-, dez a mais do que
em 2005.
A maior parte dos policiais
mortos nos atentados foi atacada quando estava de folga e os
casos foram registrados como
homicídio doloso, e não como
suposto confronto.
As mortes de outros civis por
grupos de extermínio, com suposto envolvimento de policiais, estão sendo investigadas
pelo Ministério Público. Elas
também ficaram fora dos casos
de confronto.
Segundo as estatísticas, a Polícia Militar foi responsável por
93% das mortes de civis em
2006. Foram 495 atribuídas à
corporação que realiza o policiamento ostensivo.
As estatísticas de 2006 interrompem uma tendência de
queda no número de pessoas
mortas pela polícia verificada
em anos anteriores. Em 2005, o
então governador Geraldo
Alckmin (PSDB) comemorou a
queda de 49% do número de casos em relação ao ano anterior.
Foi a mesma gestão, no entanto, que registrou o recorde
de civis mortos. Em 2003, 791
pessoas foram mortas em supostos confrontos.
Matança
"Os números provam o que
as entidades de direitos humanos já vinham alertando. Que
durante o ano passado vigorou
uma política de matança de
suspeitos em nome do suposto
combate ao crime organizado",
afirmou Ariel de Castro Alves,
secretário-geral do Condepe
(Conselho Estadual de Defesa
dos Direitos da Pessoa Humana). "Na prática, resultou na
morte de muitos inocentes."
O Condepe e outras entidades escreveram um livro chamado "Mortes de Maio" -mês
em que ocorreu a primeira onda de violência.
A assessoria da Secretaria da
Segurança informou que a Polícia Militar "está trabalhando
para diminuir essas estatísticas". Segundo a pasta, os números de 2005 foram os mais baixos dos últimos anos. Por isso,
segundo o órgão, o crescimento
verificado em 2006 foi tão alto.
A secretaria salienta que
houve queda no número de civis mortos durante os últimos
trimestres de 2006: foram 188
entre abril e junho, 123 entre
julho e setembro e 82 entre outubro e dezembro.
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