São Paulo, sábado, 31 de março de 2007

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entrevista

"É preciso ouvir os controladores"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Se o governo não tomar o primeiro passo, com concessões concretas, o protesto dos controladores brasileiros pode espalhar insegurança para os vôos e terminar com um novo acidente aéreo. Essa é a opinião de Marc Baumgaurtner, presidente da Ifatca (federação internacional dos controladores), que acompanha o protesto no país. A seguir, trechos da entrevista dele à Folha:

 

FOLHA - Por que a situação chegou a este ponto?
MARC BAUMGARTNER - Há vários fatores. Controladores foram transferidos, controladores que eram ativos e que falaram abertamente sobre problemas no sistema. Eles também, os controladores não foram integrados à discussão de desmilitarização que o governo propôs. E finalmente, depois de passar pelo pior pesadelo possível, a colisão, nada mudou. O sistema e a estrutura do controle aéreo não mudou.

FOLHA - Mas esse tipo de protesto é aceitável?
BAUMGARTNER - Todos os meios de negociação precisam estar esgotados antes de qualquer ação desse tipo. Se for verdade, não podemos condenar uma greve.

FOLHA - A Ifatca defende a desmilitarização do controle aéreo?
BAUMGARTNER - Não podemos entrar no mérito disso. Mas defendemos a separação de poderes dentro da aviação civil. O sistema inteiro não pode estar sob a responsabilidade de uma única instituição. Em outros países a solução encontrada foi tirar do âmbito militar. No Brasil a solução parece ser um novo órgão civil.

FOLHA - E agora? Os controladores podem ser substituídos?
BAUMGARTNER - Eles não podem ser substituídos por pessoas que não têm treinamento. É perigoso. É brincar com a segurança do sistema. O treinamento de adaptação demora de três a seis meses.

FOLHA - O que pode ser feito?
BAUMGARTNER - É preciso ouvir os controladores. A reivindicação por mais dinheiro pode esperar. O resto precisa ser concedido pelo governo. Qualquer solução por força será desastrosa. Não é queda de braço.


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