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Aeroportos têm dia de fila, caos e até soco
Uma funcionária da BRA foi agredida com um soco no olho por um passageiro no aeroporto Tom Jobim, no Rio
Vôos para o Brasil e para países vizinhos foram cancelados; os aviões que cruzaram a área do Cindacta-1 pousaram no DF
Ernesto Carriço/Agência Globo
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Uma funcionária da BRA foi agredida com um soco no olho por um passageiro no aeroporto Tom Jobim, no Rio |
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DO RIO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A paralisação dos controladores de tráfego aéreo reeditou
ontem as cenas de filas, desinformação, bate-bocas e até
agressões de funcionários de
companhias aéreas por passageiros revoltados com o cancelamento de seus vôos.
No aeroporto Tom Jobim, no
Rio, Margareth Soares, supervisora da BRA, levou um soco
no olho, desferido por um passageiro, e reclamou da falta de
segurança no aeroporto. O
mesmo passageiro ainda quebrou um computador e uma
porta do aeroporto, mas foi embora sem ser identificado.
"Só não foi pior porque os outros passageiros ajudaram e seguraram ele. Havia mais de 300
pessoas no balcão e apenas oito
funcionários para atender. Isso
não depende de nós. As pessoas
deviam entender que se trata
de um caos nacional e ter mais
paciência", reclamou ela.
No aeroporto de Cumbica,
em Guarulhos (Grande SP), a
empresária uruguaia Silvana
Ferrer, 48, invadiu o balcão da
TAM e discutiu com funcionários. "Não é porque sou estrangeira que podem me destratar."
Em Congonhas (zona sul de
São Paulo), os passageiros de
pelo menos dois vôos ficaram
mais de três horas nas aeronaves à beira da pista, à espera de
autorização de decolagem, que
não aconteceu.
Outros, como Renato Paiva,
27, nem conseguiram embarcar. Funcionário de uma empresa de material médico, ele ia
embarcar com uma encomenda valiosa: material para cirurgia de reconstituição de face
que seria feita às 7h de hoje em
Campo Grande (MS).
Seu vôo da TAM estava marcado para as 17h30, mas ele não
tinha conseguido embarcar até
as 23h. Quando soube do cancelamento do vôo, ligou para a
equipe médica para avisar.
"Não vou arredar pé do aeroporto, não vou sair daqui até
embarcar. O paciente precisa
desse material e, sem ele, a cirurgia terá que ser adiada."
Os passageiros que foram
surpreendidos nos aeroportos
pelo protesto precisaram de
paciência para aguardar ao menos quatro horas antes irem para hotéis em Brasília.
As companhias aéreas aguardaram a evolução das negociações, mas precisaram dar início
ao cancelamento de vôos pela
falta de tripulações disponíveis.
As equipes que chegaram na capital federal ultrapassaram o
tempo regulamentar e precisavam descansar obrigatoriamente antes de seguir viagem.
A orientação era de conseguir vagas para todos que não
morassem em Brasília. Funcionários das empresas informaram que estavam garantidos
hotel e transporte para os passageiros com conexão na cidade. Os demais casos seriam
analisados individualmente.
Até 23h30, a fila no balcão das
empresas ainda era grande para remarcação de passagens.
A maioria dos vôos que cruzava a área do Cindacta-1 foi
orientada a pousar na capital
federal, elevando o número de
passageiros nos terminais.
Já os passageiros que deixavam o exterior com destino ao
Brasil viveram situações distintas. No início da crise, pilotos
que pousariam em Manaus
(AM) e Recife (PE) ainda podiam arriscar a viagem. Os que
pousariam em cidades mais ao
sul, como Brasília, São Paulo e
Rio de Janeiro não decolaram.
Um pouco mais tarde foi expedida uma Notam (notice to
airmen, ou informação aos pilotos) que informava a impossibilidade, no caso de aviões que
ainda não haviam decolado, de
sobrevoar ou pousar na região
do Cindacta-1. Vôos internacionais que tivessem como destino ou origem países vizinhos
do Brasil na América Latina
também foram afetados. Quem
já estava voando poderia continuar seu trajeto.
Em Washington (EUA), três
companhias (United, American e Delta) cancelaram todos
os vôos de ontem à noite para o
Brasil e para Buenos Aires.
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