São Paulo, sábado, 31 de agosto de 2002

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AVIAÇÃO

Fokker-100 que seguia de São Paulo a Campo Grande teve de descer em sítio; outra aeronave aterrissou em Viracopos

Dois aviões da TAM fazem pousos forçados

Valdivo Pereira/Folha da Região
Avião que pousou em Birigui por falta de combustível


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Dois aviões da TAM tiveram ontem problemas técnicos que obrigaram os pilotos a fazer pousos de emergência.
O primeiro, que ia de São Paulo a Campo Grande, com 24 passageiros e cinco tripulantes, desceu no pasto de um sítio em Birigui (a 518 km de São Paulo), às 10h45. O segundo, que transportava 42 pessoas de Salvador a São Paulo, pousou no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (a 95 km de São Paulo), às 12h05. Os dois aviões são do modelo Fokker-100. Apenas a TAM opera com esse tipo de aeronave no país.
Em Birigui, quatro passageiros tiveram ferimentos leves. Eles foram atendidos na Santa Casa da cidade e liberados uma hora e meia depois. A causa do pouso emergencial foi um vazamento de combustível, segundo a TAM.
A empresa disse que existia combustível suficiente para a viagem e que o vazamento não foi identificado pelos aparelhos na cabine.
Em Campinas, não houve feridos. Segundo a Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária), o piloto informou à torre de controle que estava com problemas com o trem de pouso. Ele voou em círculos para gastar combustível antes de aterrissar.
Segundo o comandante da PM em Birigui, capitão Deocleciano Borella, o piloto Matheus da Silva Madeira, 29, disse que percebeu que estava sem combustível e que, em determinado momento, viu que não conseguiria chegar ao aeroporto de Araçatuba, a 30 km de distância.
Antes de desder no pasto, segundo Borella, Madeira tentou pousar na rodovia SP-461, mas recuou ao perceber que árvores à beira da pista e fios de alta tensão atrapalhariam a manobra.
O pouso ocorreu no sítio Santa Ana, no bairro de Taquari -a 20 km do centro da cidade. O Fokker se arrastou por mais de 200 metros. No trajeto, perdeu partes internas da turbina, teve as asas e a cauda danificadas e atropelou uma vaca.
A enfermeira Maria Aparecida Oliveira Amaral, 42, que estava no avião, disse que o piloto avisou que teria de fazer um pouso de emergência. ""Pensei que ia morrer", disse.
Moradores de sítios vizinhos disseram que o aparelho sobrevoou a região e depois retornou em baixa altitude, soltando fumaça pelas turbinas, até pousar.
O local fica a menos de um quilômetro da rede elétrica de alta tensão e a dois quilômetros das obras do gasoduto Brasil-Bolívia, onde dezenas de operários trabalhavam na hora da aterrissagem.
Centenas de curiosos estiveram no local, entre eles, alguns que se apresentaram como pilotos do Aeroclube de Birigui, como Marcos Antônio Rodrigues, que disse ter mais de 200 horas de vôo.
Para ele, o piloto foi um "ás". "Pousar aqui, cercado por árvores e com uma aeronave desse porte, só pode ser obra de um piloto muito bom e sortudo."
Por volta das 15h, engenheiros e técnicos da TAM e representantes do DAC (Departamento de Avião Civil) chegaram ao local para investigar as possíveis causas do acidente.

Impacto
No aeroporto de Campinas, o aviso dado pelo piloto de que a aeronave estava com problemas mobilizou dezenas de integrantes de equipes de emergência.
"Esperamos o avião na pista. Quando ele parou, aproximadamente 400, 500 metros depois de tocar o solo, debelamos um princípio de incêndio e resfriamos o avião com espuma", afirmou o sargento Antônio Diniz, do Corpo de Bombeiros.
"O pouso até que foi tranquilo. Fora o impacto forte com o chão, tudo transcorreu normalmente", disse a bancária Mirian Kakugawa, 26, que estava no avião.
Segundo a TAM, houve um problema hidráulico que impediu o acionamento do trem de pouso.
(MÁRIO TONOCCHI, CLAUDIO LIZA JÚNIOR e FRANCISCO SIQUEIRA)

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