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AVIAÇÃO
Trabalhadores rurais, que nunca haviam visto aparelho semelhante de perto, achavam que o avião ia explodir
"Pensei que não escaparia", disse passageira
DA AGÊNCIA FOLHA
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS
"Achei que fosse morrer". Foi
assim que a enfermeira Maria
Aparecida Oliveira Amaral, 42,
descreveu o pouso forçado do
Fokker-100 da TAM, que saiu de
São Paulo com destino a Campo
Grande, que aterrissou no pasto
de um sítio no interior de SP.
Segundo ela, o vôo estava tranquilo até o momento em que o piloto avisou que, por causa, de um
problema técnico, precisaria fazer
pousar em Araçatuba.
"Uma aeromoça apareceu e pediu para apertarmos o cinto, segurarmos a nuca e apoiarmos a
cabeça sobre nossas coxas. De repente, o avião começou a descer
de uma vez, e vi os objetos voarem. As pessoas gritavam. Foi aí
que pensei que não escaparia."
"Quando vi que não era aeroporto e que o avião estava descendo no pasto, pensei: vou morrer."
Até mesmo quem não estava no
avião se assustou com o acidente.
Era hora do almoço para os trabalhadores rurais de Birigui quando
a aeronave aterrissou.
O acidente surpreendeu os moradores das redondezas que nunca haviam visto um aparelho semelhante de perto. "Achei que o
avião ia explodir. A coisa foi feia,
saía fumaça lá de trás, e o barulho
foi muito alto. Não sei como não
explodiu", disse Anderson Rodrigues da Silva, 21 anos.
Ele estava almoçando no sítio
Santa Ana, quando viu o aparelho
pousar. "Nem pensei em socorrer
quem estava lá dentro, fiquei com
medo de o avião explodir."
Quem chamou a polícia foi o caseiro Márcio Basílio, 26, do sítio
São Judas Tadeu, vizinho ao Santa
Ana, onde ocorreu o acidente.
Assustado com a baixa altitude,
ele chamou o filho Nathanael, 4, e
a mulher, Eliane Bernardes, 22,
para observar o avião.
"A gente nunca viu nada disso
por aqui, fiquei um pouco assustado porque o avião estava voando baixo, acho que uns 20 metros
de altura, mas ainda assim, não
pensei que cairia. Mas quando ele
voltou, soltando fumaça, e vi que
ele baixou de uma vez, achei que
muita gente iria morrer."
Basílio usou um cavalo para ir
até o local do acidente. "Vi que as
pessoas estavam assustadas. Uma
delas, acho que era aeromoça, estava com um hematoma sobre o
olho. Uma senhora estava rezando, e outra, sentada, chorando, dizia não acreditar que estava viva."
A dona-de-casa Guiomar Valente soube que o avião em que
seu marido, o pastor Mário Valente, 61, viajava sofreu um acidente minutos após a aeronave fazer o pouso forçado.
"Perdemos uma filha há oito
meses em um acidente, e ele sabe
como sou preocupada", disse. Segundo ela, Valente só conseguiu
dizer: "Não se preocupe, estou
bem. O avião caiu. Dizem que estamos na região de Araçatuba,
mas não dá para saber direito".
Preocupação
Já a bancária Mirian Kakugawa,
26, estava no vôo 3499 da TAM,
de Salvador a São Paulo. Ela disse
que os passageiros só começaram
a se preocupar por volta das 11h,
horário previsto para o avião descer em São Paulo.
"Até aquele momento, não sabíamos o que estava atrasando o
vôo", afirmou. Segundo ela, só às
11h15 os passageiros foram informados de que a aeronave estava
com problemas e que haveria
uma descida de emergência.
"Estávamos todos tensos, mas
não tive tempo de pensar muito.
O pouso até que foi tranquilo. Fora o impacto forte com o chão, tudo transcorreu normalmente."
Já o consultor Marcelo Prado,
46, de Uberlândia (MG), perdeu o
vôo Campinas-Marília por conta
da interdição de alguns vôos no
aeroporto de Viracopos. Ele afirmou que também estava viajando
de TAM e que a sucessão de acidentes com aviões da companhia
o deixou preocupado. "A TAM
deveria cuidar melhor da frota,
principalmente dos Fokker-100."
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