São Paulo, quarta-feira, 31 de agosto de 2011

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Greve de coveiros obriga a cidade a improvisar enterros

Paralisação, que a categoria promete manter hoje, afeta principalmente transporte de corpos ao IML e cemitérios

Servidores pedem reajuste de 39,79%; prefeitura diz que já deu 15% de aumento e que a greve é ilegal

Moacyr Lopes Junior/Folhapress
Guardas-civis carregam caixão com corpo de mulher que morreu na madrugada de ontem

DE SÃO PAULO

O primeiro dia da greve dos funerários de São Paulo afetou a remoção de corpos para os velórios e atrasou enterros na cidade ontem. Em assembleia à tarde, a categoria decidiu continuar a greve até amanhã, quando haverá nova reunião.
Segundo o sindicato, 70% dos 1.366 servidores aderiram à greve. A maior parte das agências funerárias funcionou, mas elas avisavam as famílias que, por causa da greve, não havia previsão do horário de remoção e enterro.
Para tentar contornar o problema, a prefeitura colocou a GCM (Guarda Civil Metropolitana) para fazer o transporte e funcionários terceirizados para sepultamentos. Mas não foi o suficiente.
A família da recepcionista Alessandra Faria Inácio, 32, por exemplo, ia enterrar a tia às 8h de ontem, mas só conseguiu fazer isso às 13h. Antes, ela teve que esperar quatro horas até a GCM remover o corpo e uma hora até que enterrassem os outros sete corpos que estavam na fila.
"Os coveiros olhavam, de braços cruzados, enquanto funcionários terceirizados enterravam", disse. A greve já havia sido agendada desde a última paralisação, no final de junho.
O sindicato exige reajuste de 39,79%. Hoje, o salário-base é de R$ 440,39, mas com os abonos chega a R$ 630. A prefeitura diz que deu aumento de mais de 15% sobre o piso para que os salários atuais fossem de R$ 630.

ORNAMENTOS
Alheio à discussão, o comerciante Francisco Lopes, 56, não hesitou. Tirou flores, folhagens e palhas dos sacos e levou cerca de uma hora para decorar o caixão de sua mãe no cemitério da Lapa.
"Para mim é até humilhante perder a mãe e passar por todo esse constrangimento." A Secretaria de Serviços confirma atrasos no transporte dos corpos, mas diz que, apesar dos transtornos, os serviços não foram afetados.
Por meio de nota, disse que foi feita "operação especial" para garantir o atendimento e que considera inadmissível a paralisação "que é considerada ilegal pela Justiça", por ser um serviço essencial à população".
(CRISTINA MORENO DE CASTRO, NATÁLIA CANCIAN, MASTRÂNGELO REINO E ALESSANDRO SHINODA)


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